quinta-feira, novembro 15, 2012

Espanha, Grécia, Itália e Portugal são casos claros de como a ineficácia, os abusos e a corrupção não estão suficientemente controlados

Quem o diz é a organização Transparência Internacional, e vem a propósito do que se disse aqui.
Na verdade, não deixa de ser curioso, mas ao mesmo tempo lamentável, que haja nestes países uma grave carência de responsabilidade dos poderes públicos, os quais «revelam uma ineficácia, negligência e corrupção tão enraízadas que não é possível ignorar a relação entre a corrupção e as crises financeira e orçamental que se vive nestes países [...]. No que diz especificamente respeito aos países do Sul da Europa, a organização diz que "a corrupção consiste, com frequência, em práticas legais mas não éticas", fruto da opacidade nas regras que regem os grupos de pressão, o tráfico de influências ou a permeabilidade entre os sectores público e privado.O relatório salienta ainda que o financiamento dos partidos políticos não está devidamente regulado na Europa, apesar de ser uma área de alto risco de corrupção».

E não é menos verdade que os portugueses têm vindo a assistir a este dramático flagelo impávidos e serenos, como se a corrupção e a imoralidade fossem condição inata à classe política e não valesse a pena fazer qualquer coisa para a contrariar. Se nos lembrarmos do que se passou em Oeiras, Felgueiras e Gondomar (só para citar alguns exemplos) há umas eleições atrás, onde personalidades altamente suspeitas se recandidataram às respectivas Câmaras, depois de escorraçados dos respectivos partidos e quando já corriam pelos tribunais processos contra eles que os indiciavam na prática de crimes, ditos de colarinho branco, o que é que as populações desses municípios fizeram na altura? Votaram maciçamente nos seus heróis, elegendo-os, e declarando que eles tinham deixado obra feita. Aqui, não conta a conduta perversa destes políticos que, através da sua acção, subvertem a democracia. O que conta é que estes presidentes exemplares defenderam os interesses das populações, dinamizaram os seus concelhos e replicaram o seu conforto político e económico nas pessoas que os elegeram. A troco de um electrodoméstico ou de uma rotunda, quão felizes ficaram estes cidadãos, sem, no entanto, se aperceberem o quão foram coniventes com a própria corrupção.

Quando convivemos, lado a lado, com estes fenómenos e os tomamos como naturais, já não é só o país que perde, mas é a democracia que fica mais frágil e sem esperança. Enquanto dura este impasse civilizacional, devemo-nos todos lembrar que cada minuto que passa é um minuto a menos nesta luta que cabe a todos travar. E hoje, mais do que nunca, devemo-nos permitir usufruir de uma democracia verdadeiramente sã e livre de toda a indigência política que a conspurca. E é nosso dever exigir que a Justiça e os tribunais façam parte deste processo libertador.  

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