quarta-feira, janeiro 28, 2015

Direito de Resposta a Interpelação Pública

Pela segunda vez, num espaço de pouco mais de um ano, vejo-me confrontado com a necessidade de vir a público defender a minha honra, e contradizer de forma veemente a desonesta interpelação pública que me foi dirigida pela Direcção do CRIO, a qual foi publicada no passado dia 23 de Janeiro no Jornal Notícias de Ourém.

E, mais uma vez, vejo-me obrigado a recorrer ao meu Blog para responder publicamente a interpelações de fraca índole que visam a minha pessoa, não só porque no meu concelho de Ourém as pessoas não têm todas a mesma liberdade de expressão, mas também porque era muito caro exercer o meu direito de resposta naquele jornal, e como também não tenho cunhas para o fazer publicar à borla, não me restou outra alternativa que não esta.

As acusações graves, difamatórias e extemporâneas de que fui alvo e que vieram agora a público, surgem na sequência de um comentário que fiz na minha página pessoal do Facebook, no passado dia 3 de Janeiro, e que dizia o seguinte:

A ideia original do CRIO - Centro de Recuperação Infantil Ouriense, ficou a dever-se, entre outros, a um senhor chamado Luís M. P. Gonçalves Marques (Dr.), o qual foi, por acaso, candidato do PS à Câmara Municipal de Ourém nas eleições de 16-12-1979. Mas, a ideia da criação do CRIO é anterior ao 25 de Abril, ainda alguns faziam parte da PIDE e estavam-se a cagar para os deficientes. O seu a seu dono. Triste gente esta, sem escrúpulos”.

Como facilmente se constata, não há nada no texto que faça supor qualquer ataque à Direcção do CRIO, enquanto órgão COLEGIAL que é, nem sequer à sua honorabilidade, pela única e simples razão de que eu nunca me dirigi à mesma.

Então, por que raio reuniu a Direcção do CRIO para defender a honra da instituição, sendo certo que não havia nada para defender, apenas porque nada lhe havia sido dirigido?

Querem imputar-me o quê?

Querem enganar quem?

Por outro lado, parece que só a Direcção do CRIO supôs que o referido escrito talvez tivesse sido elaborado na sequência de uma entrevista dada pelo Presidente da Direcção ao Jornal Notícias de Ourém (quanta pretensão).

Ou seja, foi a Direcção do CRIO que o afirmou, não fui eu.

Isto, para já não falar que o comentário foi feito a título pessoal, proferido numa página pessoal e, por conseguinte, é aviltante e do mais baixo nível querer-se colá-lo ao facto de eu exercer actualmente funções públicas na Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, como se uma coisa tivesse a ver com a outra.

E muito menos se pode confundir este assunto com o facto de eu ser neste momento, e com muito orgulho e paixão, professor na Universidade Sénior de Ourém (USO), instituição que nada tem a ver com estas questões políticas, mas que foi recentemente chantageada no sentido de eu ser saneado dali para fora!

Anda-se deliberadamente, e de uma forma muito suspeita, a misturar alhos com bugalhos, e isso é vergonhoso e não é bom para a saúde da democracia.

Assim sendo, resta-nos a todos chegar à seguinte e triste conclusão: alguém anda a enfiar a carapuça, mas só enfia a carapuça quem quer. É um problema de quem a enfia, logo não é um problema meu.

O que é lamentável é que ainda existam algumas pessoas que se sirvam das instituições que representam para construir joguinhos e cabalas políticas, destruir adversários políticos ou enxovalhar-lhes o bom nome na praça pública, tão-só porque convivem mal com a diferença de opiniões, e como se apenas fossem eles os únicos arautos e fazedores do bem, e os outros uma mera escumalha que anda perdida por aí.

Estes sim, quais “Velhos do Restelo”!

Por estes dias, ainda acabamos por considerar todos os políticos sérios e honestos (felizmente ainda os há) uma cambada de malandros, uns ET’s, uns tipos esquisitos, com ideias estranhas e que são uns párias da sociedade.

Isto é uma deplorável e clara inversão dos valores.

De qualquer modo, perante afirmações de tão baixa qualificação, restavam-me apenas duas alternativas: esquecer o assunto e seguir em frente, ou então apresentar a minha versão dos factos, e ser eu, desta feita, a ter que vir a público defender a minha honra pela segunda vez, tais as acusações torpes e levianas que foram escritas a meu respeito.

Esta réplica, serve também para esclarecer os oureenses, de uma vez por todas, sobre o que é que está aqui verdadeiramente em causa, e é isso que vamos ver já de seguida.

Desde logo, assumamos sem rodeios que o que está aqui em causa é uma questão – única e exclusivamente – de contornos políticos. Trata-se de uma flagrante tentativa de “assassinato político”, sendo, por isso mesmo, uma questão puramente política. Como tal, é no fórum político que ela tem que ser tratada, sob pena de se transformar numa “coisa” do “Sistema”.

Com efeito, o que os estimados leitores puderam ler no jornal Notícias de Ourém foi um inenarrável e execrável enxovalho político, no qual a minha pessoa foi reduzida a uma figura sem personalidade, sem princípios nem educação, qual “parasita” da sociedade que nunca fez nada por ninguém ou pela Causa Pública.

São acusações muito graves, uma matéria séria e de uma enorme delicadeza, a qual terá, obviamente, de ser justificada em sede própria.

No entretanto, e após reflectir aturadamente sobre todas estas questões, não pude deixar de encontrar nesta teia mafiosa uma enorme coincidência.

É que existe aqui um momento temporal que marca um “antes” e um “depois”, ou seja, o dia 20 de Julho de 2013, precisamente o dia em que, no Cine-Teatro Municipal de Ourém, foram apresentados oficialmente os candidatos do MOVE às eleições autárquicas daquele ano, e de entre os quais eu me incluía.

A verdade é que, antes daquele dia 20 de Julho de 2013, existia o simples cidadão oureense João Pereira, rapaz pacato, bonacheirão e, sobretudo, inofensivo, que escrevia há anos, mas que ninguém lhe ligava.

Só que, depois do dia 20 de Julho de 2013, passou a existir o cidadão político João Pereira, aquele que passou a incomodar, que teve a ousadia e a coragem de candidatar-se pelo MOVE (qual grupo de independentes revanchistas e inúteis) à Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, e que, apesar de só ter tido dois meses para preparar a sua candidatura e apresentar-se ao eleitorado, conseguiu, contra todas as expectativas e prognósticos, ser eleito e passar a integrar o Executivo desde então.

Se isto aborreceu e continua a aborrecer muito boa gente?

Claro que sim. Está estampado na cara de muita gente. E daí à tentativa de “assassinato político” foi um passo…

A tal ponto que, só isso justificou as escabrosas palavras que me foram dirigidas no dia 27 de Setembro de 2013 sobre uma “estória” já com mais de três anos de vida e esquecida no baú do tempo, como só isso também justifica agora as acusações pérfidas, estúpidas e criminosas que me foram feitas, de forma absolutamente gratuita e leviana.

Como se não houvesse amanhã, e usando palavras cheias de ódio e vingança, certo é que alguém se expôs ao ridículo ao permitir que se escrevessem atrocidades como estas:

“A esse Senhor, a quem poucos ou nenhuns atributos reconhecemos, queremos recomendar-lhe, em nome do bom senso, e também de elementares princípios de ética e educação, que antes de entrar neste tipo de considerações tenha a humildade de se auto-avaliar, e de mostrar o que vale, mormente no que concerne aos contributos que possa, ou não, ter dado às causas sociais, ou outras, particularmente àquelas que respeitam aos mais carenciados e fragilizados”.

Esperem lá, mas quem é que telefonou ao candidato do MOVE à Assembleia Municipal nas eleições autárquicas de 2013, salvo erro no próprio dia em que foi anunciado publicamente, ou quando muito logo no dia a seguir, ainda o senhor estava na Alemanha em missão oficial?

Quem é que lhe ligou para denegrir a imagem do MOVE e a persuadi-lo a abandonar o Movimento com promessas incumpríveis e a desrespeitar as regras mais elementares do jogo político democrático?

Fui eu?

Ora, façam-me um favor…

Estas patranhas não podem legitimar a qualquer preço a estupidez e a arrogância de quem as escreve, até porque V.Exas., pelos vistos, de todo não me conhecem.

Ou então vêem-me à vossa própria imagem e semelhança, e isso eu não lhes admito, simplesmente porque eu não sou como vocês.

De qualquer maneira, deixem-me que vos conte um pouco da minha “estória”, houvesse outros com igual coragem para o fazer.

Entre família e amigos, costumo dizer em tom de brincadeira que nasci no primeiro esquerdo do número oitenta e um da Rua Carvalho Araújo, em Ourém (literalmente, porque foi lá precisamente que eu nasci), já lá vão quarenta e três anos de vida.

Na vizinhança, e que me perdoem todas as outras, havia, por exemplo, a família Verdasca, a família Jácome, a família do senhor Catarino da Marina, do senhor Costa e da D. Fernanda, ou do senhor Guido e da Dª Júlia, estes uns queridos que se davam ao trabalho de vir propositadamente de Lisboa a Ourém pelo Natal, só para vir oferecer a alguns meninos do “bairro” uma pequena lembrança: um livro dos “Famosos 5”!

V.Exas. sabiam desta “estória”?

Foto: Blog iNovOurém
Depois, julgo que V.Exas. também não sabem que é com “cagança” e um enorme orgulho que vos digo que tive como avós adoptivos, pelo lado materno, o Senhor Cândido Afonso Machado e Costa e a Senhora D. Isabel de Barros e Sá Pereira Machado, cidadãos ilustres da cidade e do concelho de Ourém, pessoas honestas e de uma verticalidade de carácter e sentimentos acima de qualquer suspeita (de cuja vida e obra, aliás, tenho falado não raras vezes neste blog, como por exemplo aqui), e com os quais aprendi muito sobre valores universais e humanistas.

E com quem aprendi a ser humilde e a respeitar os meus semelhantes.

Sabem V.Exas. do que falo?

V.Exas. acham que eles me ensinaram coisas boas ou más?

E acham que um puto com sete, oito anos, que passa toda a infância a ver praticar o bem, que aprende a ver os seus familiares e os que o rodeiam a agir com bondade, com tolerância, com paciência, e a ter a maior dignidade e correcção em todos os seus actos, acham que um puto destes fica com a sua mente deturpada à nascença, que desata para ai a armar-se em gangster na maioridade e que não fica intelectualmente bem formado desde o início?

Digam lá sinceramente, no fundo acham mesmo que sim?

E também sabiam que os meus avós adoptivos acolheram meninos e meninas austríacos que fugiram da violência da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto?

Acham que esta “estória” não me influenciou minimamente?

Foto: Blog iNovOurém
V.Exas. sabiam também que um dos grandes amigos da minha família era o Senhor Diogo Azeredo Pais, mais conhecido simplesmente por “Inspector Pais”? (ver aqui).

E sabiam que ele me pôs a ler Ortega y Gasset aos doze anos?

E a ler Alexis de Tocqueville?

E também sabiam que ele me levava inúmeras vezes a sua casa para me mostrar a sua imensa e rica biblioteca?

Local onde passámos horas a fio a descobrir “livros interessantes” (como ele lhes chamava) para eu ler, como por exemplo os grandes clássicos do Direito Português, isto por volta dos catorze, quinze anos, razão até pela qual mais tarde segui direito, tal foi o bichinho que ele me pegou?

E sabiam V.Exas. que os adultos passavam serões infindáveis a perscrutar a política por todos os lados e feitios, e que eu, modéstia à parte, observador interessado e atento, os ouvia sempre, com humildade e bastante motivado?

Não sabiam?

V.Exas. acham que conviver e ouvir as ideias, por exemplo, do professor Carlos André, faz mal a um jovem de doze, catorze anos?

Ainda tenho na memória aquelas idas a caminho de Santarém, o meu pai ao volante, o Alberto Figueiredo ao lado, e eu e o professor Carlos André atrás, ele ora intervindo em amenas discussões políticas com os parceiros da frente, ora passando as vistas pelo jornal!

Sabiam V.Exas. que eles sempre me disseram mais ou menos isto: “ouve e aprende João, isto faz-te bem e é fundamental para a vida!

Depois, há as “estórias” dos leilões.

V.Exas. recordam-se que aqui há uns anos valentes havia a tradição em Ourém – que ainda hoje se mantém noutros moldes – de realizar leilões pelos bairros da então denominada Vila Nova de Ourém a favor das mais diversas entidades?

Posso dizer-vos que me recordo, por exemplo, do leilão do Bairro, do leilão dos Bombeiros ou do leilão da Rua Santa Teresa.

E isso foi há já muitos anos!

E sabem V.Exas. por que me lembro disto tudo?

Porque os produtos que iam a leilão eram, religiosa e literalmente, angariados porta-a-porta, principalmente naquela altura por senhoras oureenses e outros voluntários que, de forma abnegada e mecenática, calcorreavam toda a freguesia para juntar o maior número e toda a espécie possível de produtos, desde o azeite, a massa ou o arroz, passando pela loiça e atoalhados, até aos produtos doces e de pastelaria, cujo expoente máximo nesta categoria eram os bolos da família Jácome, que faziam as delícias e subiam a parada assim que eram sujeitos a licitação, de tão bons que eram.

A minha mãe chegou até a ficar uma vez com um, que era simplesmente divinal!

Claro que a minha mãe e eu estávamos no grupo desses voluntários, devia ter eu uns oito, dez anos, e ainda me lembro de andar na ambulância “pão de forma” dos bombeiros de Ourém a recolher os alimentos que eram guardados pelos voluntários em suas casas, e de um dia termos parado na casa do saudoso Joaquim da Silva para enchermos a dita ambulância para o leilão dos bombeiros.

Eu, até ajudava a montar as bancas para os leilões e tudo.

Éramos todos muito amigos, e dávamo-nos todos muito bem.

Outra das voluntárias era a D. Natália Jóia, ela sabe bem do que falo e também se deve lembrar destas “estórias” todas.

Como é que V.Exas. classificam isto?

Escravatura e exploração de menores?

Foto: Blog iNovOurém
Mas, também não posso deixar de apresentar a V.Exas. um grande amigo meu, o Jorge Serrano, é filho do meu padrinho de baptismo e conhecemo-nos há quarenta e três anos, justamente a minha idade, já que ele, felizmente e contra todas as expectativas, já vai a caminho dos cinquenta e um!

O Jorge é portador de Síndrome de Down, ou Trissomia 21, e foi com ele que desde muito cedo aprendi que apesar das suas diferenças físicas, o Jorge tinha sentimentos iguais aos meus, respeitava-me tal como eu o respeitava a ele, amava a sua família tal como eu amava a minha.
.
Era, acima de tudo, uma pessoa doce e de sentimentos puros, com uma inegável sensibilidade e uma nobreza de carácter imaculado.

Nisso, não era diferente, era igual a tantos outros meninos que conheci.

E isso ajudou-me a crescer, a compreender melhor o mundo e as relações que se estabelecem entre as pessoas.

Mais do que isso, ajudou-me a compreendê-las e a respeitá-las nas suas diferenças.

V.Exas. acham que eu seria insolente ao ponto de criticar a instituição que acolhe o meu grande amigo Jorge?

Se o pensam, são tolos…

No campo escolar – área tão importante para conhecermos e avaliarmos as qualidades de alguém –, posso dizer-vos que fiz o meu percurso como qualquer menino normal.

Passei pela primária, onde tive muitos quatros e cincos, fiz os dois anos do Ciclo – a então chamada Preparatória – e cumpri mais seis anos no Liceu, perfazendo tudo doze anos.

Era isso que o “Sistema” esperava de mim, e esforcei-me por cumpri-lo.

Aliás, felizmente ainda andam por aí muitos e bons colegas e professores que poderão comprová-lo, como os colegas Valentim Silva e Orlando Cavaco, ou o professor José Fernandes, ou ainda o professor Marques Pereira, que me deu 17 a português, já para não falar na minha Directora de turma, a professora Bela Maria, de Coimbra, que era um encanto.

Todos eles podem atestar o quanto era um aluno dedicado e, segundo eles, com valores e até um pouco inteligente!

E se as professoras Maria José Heitor (1ª e 2ª Classes) e Helena Paisana (3ª e 4ª Classes) ainda cá estivessem, não tenho dúvidas que teriam lindas “estórias” para vos contar acerca da minha humilde, mas honesta pessoa.

Depois, pelos meus próprios meios e sem cunhas, segui para a Universidade onde estive mais cinco anos (disse bem, cinco anos), tendo tido aulas presenciais de segunda a sexta-feira, as quais obrigaram a muito estudo, mas sem direito a qualquer equivalência!

Mais uma vez, cumpri tudo o que me foi exigido pelo “Sistema”, acabando por concluir a Licenciatura em Direito, com direito a canudo numa lata redonda e tudo, mais Diploma, tudo à moda antiga!

Posteriormente, acabaria também por completar o III Curso de Pós-Graduação em Direito do Trabalho, não na Universidade Independente ou na Lusófona, mas no Instituto de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, cujo coordenador foi o Professor Doutor Pedro Romano Martinez.

Curiosamente, ou talvez não, a verdade é que fui um dos melhores do Curso.

Ah, e a tese, fi-la de raiz, não a plagiei.

Simultaneamente (e por conta própria, ou seja, aquilo a que chamo “autoformação”), estudei durante três anos consecutivos Gestão de Empresas, através de dezenas de livros que comprei (na Amazon.com) da melhor bibliografia internacional disponível sobre o tema, desde os grandes clássicos e autores norte-americanos sediados em Harvard (mas não só), passando pelo Brasil (onde, por exemplo, encontramos das melhores traduções), acabando na Europa, Portugal e até mesmo na Ásia.

Foram três loucos anos, em que sacrifiquei muito a minha família e o meu trabalho (pois nessa altura já estava a trabalhar), mas, creiam-me V. Exas., valeu a pena, já que foram anos infinitamente enriquecedores e dos quais guardo uma doce memória.

Se somarmos a isto tudo, toda a formação profissional certificada que fui fazendo ao longo dos anos (e que hei-de continuar a fazer, assim a disponibilidade, a carteira e a lucidez o permitam), então dou por mim a constatar que já são quase quarenta anos agarrado aos livros.

E que bom que tem sido…

Agora, acham que isso não me tem ajudado a descobrir-me e a melhorar enquanto pessoa?

Pois então se V.Exas. acham que tudo isto não são qualidades suficientes, então é porque acham certamente que as qualidades dos Relvas e quejandos são muito melhores!

E sobre esta matéria, estamos conversados.

Face a tudo isto, é altura de perguntar: quem pensam V.Exas. que são para me dar lições de moral nestas matérias?

E com que autoridade moral se dirigem à minha pessoa nos termos abjectos em que o fizeram?

Acham que se disserem mil vezes uma mentira, ela se transformará numa verdade absoluta?

Acham que a interpelação pública de Setembro de 2013 já não foi suficiente para pôr a nu o vosso verdadeiro carácter?

Por que raio a D. Alexandra Silva me falou tão bem em Junho nas Festas da Cidade, e poucas semanas depois me dirigia tão escabrosa interpelação pública?

Passou o Verão a ler o meu Blog?

Era o que mais faltava, como se a senhora não tivesse mais nada para fazer.

Ou como se não tivesse sido obrigada a emprenhar pelos ouvidos…

Será que os estimados leitores acham que não existem aqui coincidências a mais, e que tudo isto é obra do acaso e um valente espírito santo de orelha?

Não se iludam…

E sobretudo acreditem que isto não passou de uma golpada de baixa qualificação para, em período eleitoral, e quando já não podia defender-me antes das eleições, criar a ilusão na opinião pública de que havia aqui uma guerra com os Bombeiros, facto que objectivamente nunca aconteceu.

Só que, como costumo dizer, trata-se, claramente, de um golpe baixo e sujo, mas os golpes baixos e sujos costumam ficar com a minudência de quem os pratica.

E o que dizer de uma imprensa escrita que dá o dito pelo não dito, e que se dá ao desfrute ignóbil de censurar a participação política do MOVE, como aconteceu lá para os lados de Fátima?

E em Ourém, o que dizer de um jornal que, pura e simplesmente, não permite colunas de opinião nas suas páginas?

Os estimados leitores não acham estranho que as colunas de opinião tivessem desaparecido do jornal Notícias de Ourém?

Onde se incluía a “Coluna do Meio”?

Não é aquele jornal património dos pobres da freguesia de Nossa Senhora da Piedade?

Ou será que não é antes um instrumento político ao serviço do “Sistema”?

Resta-nos olhar com nostalgia para o pensamento dos seus fundadores, e lembrar um escrito que fizeram perdurar para toda a eternidade:

“[…] Havemos de procurar, através de tudo, não fazer deste jornal um órgão de qualquer grupo ou partido, mas um órgão de todos e para todos. As suas colunas estão ao alcance de toda a gente, bastando para isso que sejam honestos os seus propósitos, que sejam correctos os seus escritos”.

(in “Alma dum povo – os 75 anos do Notícias de Ourém, página 13).

Por outro lado, V.Exas. acham que são cada vez mais raras as pessoas disponíveis para o trabalho de voluntariado, principalmente de cariz associativo e comunitário?

E acham que ninguém, por mais nobre e solidária que seja a causa, está disponível para ser enxovalhado na praça pública?

Não é precisamente isto que se tem passado comigo desde o dia 20 de Julho de 2013?

Mas então, não foi para contrariar esta tendência que eu aceitei o amável convite das forças vivas da Lourinha para me candidatar à Assembleia Geral da sua prestimosa associação?

E não foi também com o intuito de contribuir para a Causa Pública?

Será que V.Exas. pensam que foi sob reserva mental que eu aceitei, por exemplo, o convite da Universidade Sénior de Ourém para colaborar na sua honrosa missão de proporcionar aos mais idosos quer o acesso ao conhecimento e às aprendizagens, quer a oportunidade de se valorizarem enquanto pessoas?

Será que V.Exas. pensam que, para além de vocês, não existem mais pessoas no mundo capazes de aceitar os desafios apenas por uma questão de entrega humanitária e de solidariedade?

Chama-se a isto gente frouxa, sem escrúpulos e com que pouco se pode contar?

Tal como escrevi noutra parte, é sempre importante contarmos com a colaboração de gente abnegada que não vê inconveniente em dar parte do seu conhecimento a quem dele mais precisa.

E estar nesta leva de gente descomprometida e com verdadeira paixão naquilo que faz, e que colabora com a sua terra, faz-me sentir alento e ainda mais desprendido para transmitir tudo aquilo que fui aprendendo ao longo da vida.

Com mil diabos, será isto proibido na minha terra?

Ou será que isto é proibido por tão triste gente?

A verdade é que quem não se sente não é filho de boa gente, e se alguém pensava que eu iria intimidar-me e não me iria defender, então enganou-se redondamente.

É, por isso, que eu nunca me vergarei a ameaças ou chantagens, nem nunca me deixarei trair pelos valores da verdade e da liberdade em que acredito.

Quem é a PIDE?

Marcelo Caetano, apesar de tudo, ainda escreveu umas coisas giras sobre ciência política, que vale a pena perdermos um pouco do nosso tempo a ler.

Se tivessem feito o trabalho de casa, V.Exas. sabiam que a PIDE não é uma pessoa em concreto, é tudo isto junto, é o chamado “Sistema”!

E que culpa tenho eu que as carapuças vos sirvam?

Viva a Liberdade, Viva a Democracia, Viva Portugal!

Ourém, 27 de Janeiro de 2015
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