domingo, julho 20, 2014

O nosso castelo

O texto que se segue foi publicado na Edição de 18 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
O nosso castelo
Quando assumi funções como secretário da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, Ourém, defini alguns objectivos para o mandato que então se iniciava, e impus-me a obrigação de tudo fazer para os concretizar. Não obstante, tendo a consciência perfeita de que os tempos que vivemos são de crise e de contenção de despesas, e mesmo apesar de esses objectivos estarem condicionados à partida, sempre acreditei que era possível fazer alguma coisa e não ficar de braços cruzados com o pretexto de que a junta de freguesia não tem dinheiro (ou tanto quanto gostaria) para realizar aquilo que os cidadãos esperam de um executivo que inicia funções. Relembro aqui alguns desses objectivos: 1. criar as condições necessárias para a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade na junta de freguesia; 2. pôr as novas tecnologias ao serviço das pessoas, designadamente através da melhoria do site da junta, criação de Newsletter Electrónica e Página de Facebook; 3. criar laços de proximidade e respeitar as pessoas; 4. dignificar e valorizar o trabalho dos funcionários; 5. apoiar a saúde em benefício daqueles que mais precisam; 6. dinamizar o associativismo, a juventude e o desporto; 7. e contribuir para a preservação, divulgação e promoção do património histórico-cultural da nossa freguesia.
De então para cá, o trabalho que tenho desenvolvido na junta de freguesia tem ido ao encontro daqueles objectivos. Apresentei, por isso, as seguintes propostas, todas aprovadas por unanimidade: 1. passar a ser disponibilizada a todos os elementos do executivo da junta uma cópia da Ordem do dia para a reunião a ter lugar; 2. Realizar reuniões quinzenais, em virtude de apenas haver uma reunião mensal (pública); 3. realizar rastreios semestrais à população da freguesia; 4. reformular o site da junta e criar Página de Facebook e Newsletter Electrónica. Apresentei ainda um Voto de Pesar pela morte do ex-futebolista Eusébio da Silva Ferreira e uma Declaração de Voto relacionada com a aprovação do Orçamento e Plano de Actividades para 2014, em relação aos quais votei favoravelmente por entender que isso era o que melhor servia, neste momento, os interesses dos nossos munícipes.
A par disto, propus ainda a realização de reuniões quinzenais com os funcionários, de modo a motivá-los e a integrá-los na gestão diária da junta. Apresentei também, a título pessoal, um Voto de Louvor ao Clube Atlético Ouriense (CAO), por se ter sagrado Campeão Distrital da Divisão Principal do Distrito de Santarém, no ano em que celebra os 65 Anos de existência, e outro Voto de Louvor em conjunto com o restante executivo, também ao CAO, que visou distinguir não só a Equipa de Futebol Feminina do Clube Atlético Ouriense, que conquistou este ano dois importantes títulos a nível nacional, mas também pelo facto de a Equipa de Futebol Masculina se ter sagrado Campeã Distrital da Divisão Principal do Distrito de Santarém. Finalmente, é importante registar que, tal como prometido e por proposta do MOVE (aprovada por unanimidade), encontro-me a actualizar o site da junta de freguesia. Não obstante, neste momento já se pode consultar uma série de informação e documentos de utilidade para os nossos fregueses! Por outro lado, já se encontra online a nova Newsletter da Freguesia (Nº 1 | Junho 2014), a qual, com uma periodicidade trimestral, pretende constitui-se como um elemento adicional de informação e comunicação da Junta de Freguesia com a comunidade onde se insere. Finalmente, e por solicitação do Senhor Presidente da Junta de Freguesia, encontro-me neste momento a preparar o processo de avaliação do desempenho dos funcionários da junta de freguesia, nos termos da legislação aplicável. Julgo que é com pequenos (mas firmes) passos como estes que se constrói no futuro um castelo!".

Actividade política 2

O texto que se segue foi publicado na Edição de 11 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Actividade política 2
Deixo-vos hoje com três documentos apresentados por Vítor Frazão na Câmara Municipal, na reunião do passado dia 1 de Julho:
1. Declaração Política. Na Assembleia Municipal do passado dia 27 de Junho, e a propósito da proposta para retirar da Ordem de Trabalhos os pontos relacionados com as contas consolidadas do ano económico de 2013 e os relatórios das contas do mesmo ano, quer da Ourémviva, quer da Srufátima, foi dada a palavra aos líderes dos Grupos Municipais do PS, PSD, CDS-PP e “Por Ourém” para se pronunciarem, ao passo que o MOVE foi simplesmente “esquecido”. Perante tal facto, o vereador independente do MOVE na Câmara Municipal afirmou não pactuar com esta situação, tanto mais que este movimento é fruto dos resultados do último acto eleitoral autárquico, sendo a terceira força política no concelho. Após reunião com a presidente da Assembleia Municipal, que, com sentido de responsabilidade, respeito e frontalidade, reiterou ter-se tratado de um lapso que não voltará a repetir-se, o vereador Vítor Frazão lançou um repto ao senhor presidente da Câmara nos seguintes termos: “senhor presidente da câmara, uma vez que foi consigo que assinei o compromisso de governabilidade, quero deixar bem claro que, em termos pessoais ou em reuniões da câmara ou fora delas, jamais me deixarei subalternizar, e adianto firmemente que denunciarei de imediato o texto do referido compromisso caso tais factos se voltem a repetir”.   
2. Recomendação. Cada vez mais há a necessidade de dar a conhecer as potencialidades do nosso concelho, quer em termos religiosos, gastronómicos e histórico-patrimoniais, quer no que diz respeito aos âmbitos etnográficos, musicais, fluviais, paisagísticos ou de natureza. Neste sentido, Vítor Frazão recomendou, na reunião da câmara do passado dia 1 de Julho, a criação de uma rede de transportes pendulares entre Fátima e outros pontos turísticos do concelho, para aproveitar, designadamente: a) os milhares de peregrinos e turistas que demandam a Fátima nesta época; b) as férias estivais que agora começam; c) a frota de mini-autocarros e de autocarros das diversas instituições concelhias que, neste período, vêem diminuído o fluxo funcional e laboral; d) os inúmeros jovens que, no período de férias, poderiam servir de guias, dando-se-lhes (para o efeito) documentação e acções de formação; e) e ainda para aproveitar a probabilidade de alguns condutores poderem vir a colaborar. De molde a combater a sazonalidade, apoiar o comércio tradicional e divulgar o concelho, seria bom que a câmara desse enfoque aos roteiros turísticos já existentes e pudesse reunir com a ACISO, Escola Profissional/Insignare e representantes dos Hoteleiros de Fátima, no sentido de se estabelecerem circuitos e horários e de se fazer a sua divulgação.
3. Proposta. Sabe-se que é através dos actos eleitorais que os cidadãos elegem os seus representantes. Os cidadãos, no uso dos seus direitos democráticos, podem e devem participar na vida autárquica do seu município, marcando presença nas reuniões dos seus órgãos. A verdade, porém, é que são poucos os que se deslocam ao edifício dos Paços do Concelho para aí assistirem às reuniões. Não obstante, no contexto de uma gestão participativa, os eleitos têm também a obrigação de irem ao encontro dos eleitores para auscultar as suas dificuldades, críticas, sugestões e propostas. Foi neste sentido que Vítor Frazão propôs que a Câmara Municipal, através dos seus serviços, calendarize, ainda no decorrer do presente mandato, reuniões descentralizadas nas sedes das Juntas de Freguesia, e que, por razões de organização e método, as planifique por ordem alfabética e as faça coincidir com a primeira terça-feira de cada mês por se tratar da reunião pública, ou ainda que seja dado conhecimento público deste calendário através de Editais, Jornais, Rádio e Newsletter da Câmara Municipal".

Quem traiu quem?

O texto que se segue foi publicado na Edição de 4 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Quem traiu quem?
Luís Albuquerque afirmou por estes dias que não ganhou as eleições autárquicas “devido à concorrência de Vítor Frazão, que desertou do PSD”, e que, “fruto dos jogos de bastidores” ocorridos entre o PS e o MOVE, foi eleita para a presidência da assembleia municipal uma pessoa que não tem legitimidade para exercer o cargo!
Antes de mais, convém saber que Vítor Frazão não desertou na tropa, mesmo nos tempos do fascismo! Então, por que seria agora desertor? Certo é que Vítor Frazão apresentou, à luz das normas do PSD, a sua desfiliação às estruturas do partido, tanto a nível local como nacional. Este facto era do conhecimento de Luís Albuquerque, não só porque já era na altura presidente da concelhia e, por isso, soube em primeira mão, em termos formais e oficiais, da desfiliação de Vítor Frazão, mas também porque este teve a coragem de apresentar pessoalmente a sua desfiliação na sede nacional do PSD, a membros da Comissão Nacional, e onde aquele também esteve presente. Ora, uma afirmação destas revela falta de respeito para com Vítor Frazão, já que este apenas exerceu um direito que lhe assiste. Denuncia até má-fé, pois houve conhecimento oficioso deste facto e o que se pretendeu foi encobri-lo. Denuncia ainda o desconhecimento sobre as normas do PSD, pois estas falam em (des)filiação ou (des)militância e não em desertores. Ao que julgo saber, não existem no MOVE terroristas e, se há aqui alguém que coabita mal com a democracia, esse alguém não é Vítor Frazão
Depois, se se reconhece que foi por causa de Vítor Frazão que Luís Albuquerque perdeu as eleições, então isso já de si é motivo bastante para o respeitamos ainda mais e reconhecer-lhe o mérito que granjeou junto do povo, que até votou nele e o elegeu. Isto leva ainda à conclusão de que afinal não foi só o PSD que perdeu as eleições, mas sim uma Coligação de dois partidos, o que constitui uma dupla vitória para o MOVE, mas que se tenta a todo o custo escamotear. Façamos este exercício: se subtrairmos ao resultado alcançado pela Coligação (9.027) o número de votos obtidos pelo CDS-PP em 2009 (1.197), obtemos 7.830 votos potenciais para o PSD em 2013. Como se sabe, o PSD concorreu sozinho nas eleições de 2009 e era liderado por Vítor Frazão, tendo obtido 11.398 votos, mais do que os que foram alcançados pelo PSD e CDS juntos em 2013. Tendo o MOVE conquistado 2.680 votos, se subtrairmos este valor ao número de votos potenciais do PSD (7.830), obtemos uma diferença de 5.150 votos. Convenhamos que para um partido organizado e com muitos anos de implantação como o PSD, esta diferença não é assim por aí além. É só fazer as contas.
Finalmente, sobre os alegados “jogos de bastidores”, refira-se que Vítor Frazão manteve conversações com todas as forças políticas que o solicitaram, inclusive com Luís Albuquerque, a quem propôs que se constituísse uma lista única e conjunta para a eleição do presidente e secretários da mesa da assembleia municipal, que incluísse quer João Moura, quer Deolinda Simões e Júlio Henriques, e cuja resposta Vítor Frazão ainda hoje está à espera! Mas, esta proposta foi também analisada entre o PSD e o PS. Por que não foi então posta em prática? Será que em Caxarias e União das Freguesias de Freixianda, Ribeira do Fárrio e Formigais não existiram “jogos de bastidores” envolvendo membros da Coligação? Ou o princípio só se aplica ao MOVE? E Deolinda Simões não tem legitimidade para exercer o cargo? Então, será que os anteriores presidentes da assembleia municipal também foram eleitos de forma ilegal? Como raio se elegem afinal os presidentes das assembleias municipais em Portugal? É ou não verdade que a lei decreta que o presidente e os secretários da mesa são eleitos pelos membros deste órgão e não mediante os resultados eleitorais? Também não constou por aí que elementos do PSD votaram em Deolinda Simões? Mas, quem traiu quem?".

quinta-feira, julho 03, 2014

O povo agradece

O texto que se segue foi publicado na Edição de 27 de Junho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
O povo agradece
Ainda no âmbito da 1ª Conferência subordinada ao tema “Que país teremos em 2020?”, e que trouxe ao Auditório dos Paços do Concelho, no passado dia 2 de Junho, os Professores Doutores Diogo Freitas do Amaral e Joel Hasse Ferreira, e bem assim o Dr. Telmo Faria, ex-presidente da Câmara Municipal de Óbidos, é importante sublinhar aqui o facto de – nessa conferência – se ter falado também dos quarenta anos de democracia em Portugal, e de se terem traçado perspectivas para o desenvolvimento futuro do nosso país, isto apesar de se concluir que é muito difícil fazer futurologia quando se trata de pensar estrategicamente o país para um período de dez ou quinze anos. De qualquer das maneiras, é difícil, mas não impossível. Diria mesmo que é uma emergência cívica e nacional.
Na verdade, defendeu-se, por unanimidade, que Portugal – mais do que ser comentado nas televisões (muitas vezes de forma errática, pouco ambiciosa e capciosa) – carece de uma verdadeira optimização dos seus recursos naturais e humanos, mas também de uma profunda planificação estratégica nacional. Trata-se da recuperação da ideia do planeamento económico a médio/longo prazo, da aposta em áreas através das quais podemos alavancar a nossa economia, como sejam o turismo, a agricultura, a indústria ou o mar.
Deste modo, complementarmente a uma visão de futuro para o nosso país e ao fomento de uma verdadeira diplomacia económica que nos valha a nível internacional, e que venda eficazmente a imagem de Portugal aos investidores estrangeiros, passando por uma aposta forte nas exportações, nomeadamente para a América Latina que é uma região onde podemos ser competitivos, certo, certo é que urge que programemos o nosso futuro no tal horizonte de dez ou quinze anos. Trata-se, com efeito, de uma tarefa difícil, sabemo-lo todos, mas sem a qual continuaremos a adiar indefinidamente o nosso futuro colectivo.
Paradoxalmente – ou talvez não –, é chocante a forma como ainda tratamos esta questão como uma “não-questão”! E não menos chocante é o facto de todos termos noção do remédio eficaz para combater a maleita do país, e continuarmos a assobiar para o lado como se a urgência de uma visão de futuro não fosse condição sine qua non para o progresso de Portugal. E quando tudo me levava a crer que a resposta a esta inércia generalizada estava na ambição e na irreverência dos nossos jovens, eis senão quando alguns “pardalitos”, enraizados no conforto das “jotinhas” dos partidos e sob os auspícios do “lápis azul” das lideranças, arrogando-se o exclusivo do exercício da cidadania, começam a desancar nos mais velhos como se não houvesse amanhã, e como se não tivessem ainda muita parede pela frente com que chocar, para aprender o que custa a vida.
Neste contexto, e para contrariar este estado larvar e esta tendência paralisante que se vive no nosso país, Vítor Frazão, o vereador independente do MOVE – Movimento Ourém Vivo e Empreendedor, recomendou, na reunião da Câmara Municipal do passado dia 3 de Junho, a criação de um grupo de trabalho que reflicta o nosso concelho e o planifique – em termos estratégicos – para o futuro, isto numa lógica de que a planificação nacional depende sempre das mais-valias regionais e das potencialidades locais (ou do contributo que as partes podem dar ao todo nacional). Haja, por isso, o mínimo de justiça ao reconhecermos que estas e outras iniciativas, perfeitamente datadas e documentadas, também são um exercício pleno de cidadania. E haja também a coragem e a elegância política para o reconhecer. O povo agradece".

Emergência cívica

O texto que se segue foi publicado na Edição de 20 de Junho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Emergência cívica
Decorreu no passado dia 2 do corrente a 1ª Conferência subordinada ao tema “Que país teremos em 2020?”, enquadrada na passagem dos quarenta anos sobre o 25 de Abril, um debate intergeracional que pretendeu dar pistas e encontrar soluções para o futuro de Portugal, trazendo ao Auditório dos Paços do Concelho uma vasta plateia que se revelou atenta e participativa, e que teve como oradores convidados os Professores Doutores Diogo Freitas do Amaral e Joel Hasse Ferreira, para além do Dr. Telmo Faria, ex-presidente da Câmara Municipal de Óbidos. Não posso deixar de salientar a importância e a actualidade do tema desta conferência, que nos remete para uma questão “simples” mas crucial: o que queremos afinal para nós, em termos nacionais e europeus? O que queremos ser, enquanto país, daqui a dez ou quinze anos?
Um dos temas abordados pelo ilustre painel de oradores teve a ver com o novo quadro político-institucional decorrente das recentes eleições europeias, mormente a “invasão” da extrema-direita na Europa, fenómeno que começa a alastrar e a ganhar cada vez mais expressão no “Velho Continente”, e que reflecte, designadamente, a também crescente descredibilização dos partidos políticos, o seu distanciamento em relação às pessoas e, por via disso, o facto de os europeus, mas também os portugueses, se reverem cada vez mais nas pessoas e não nos partidos. Assim se explica, no caso português, a emergência dos movimentos de cidadãos, como o Movimento Partido da Terra (MPT) e o seu cabeça de lista, Dr. Marinho Pinto, o qual foi a quarta força política mais votada em Portugal (elegendo dois deputados) e a terceira no concelho de Ourém, onde obteve 6,51% dos votos (na freguesia de Nossa Senhora da Piedade obteve 7,92%).  
Façamos um pequeno exercício comparativo para ilustrar um tema recorrente nesta “Coluna do Meio”, ao qual algumas pessoas chamaram, imprópria e inadvertidamente, “epifenómeno”, e que se prende com a ascensão dos movimentos de cidadãos à vida política, enquanto alternativa credível aos partidos. Em Ourém, como é do conhecimento de todos, essa ascensão foi protagonizada, de forma retumbante e categórica, pelo MOVE – Movimento Ourém Vivo e Empreendedor, liderado por Vítor Frazão, tendo arrebatado 11,39% dos votos nas últimas eleições autárquicas. Significa isto que, quer o MPT de Marinho Pinto, quer o MOVE de Vítor Frazão, têm hoje um papel preponderante nas sociedades europeia e portuguesa, não só para contrariar a perda de confiança dos cidadãos em relação à política, mas também para criar uma nova dinâmica de participação social nas decisões que a todos dizem respeito. A bem da democracia, esta é uma emergência cívica que urge consolidar.     
Nota de Rodapé: Não quero, porém, terminar o texto desta semana sem dizer que as expectativas eram grandes há um ano, quando as páginas deste honroso jornal pariram (tecnicamente parece ser o termo mais correcto) esta nova coluna de opinião, que se tornou na “Coluna do Meio” por duas simples mas importantes razões: a primeira, porque as colunas da esquerda e da direita já se encontravam ocupadas; a segunda, porque costuma-se dizer que é no meio que está a virtude. Facto é que já lá vai um ano – como o tempo passa, parece que foi ontem –, e, à boleia, também celebramos hoje o texto número cinquenta. Se há um ano um dos objectivos desta coluna de reflexão era ser construtiva, descomprometida e independente, com um olhar crítico sobre o nosso concelho nas suas múltiplas vertentes e baseado na firme convicção de que todos nós podemos contribuir com alguma coisa, por mais insignificante que seja, para o bem-estar do nosso concelho e das suas gentes, se isto foi verdade há um ano, certo é que, por maioria de razão, continua a ser assim ainda hoje. Vale pois a pena continuar".

Uma questão de justiça

O texto que se segue foi publicado na Edição de 30 de Maio de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Uma questão de justiça
Esta semana, as primeiras palavras vão direitinhas para o Clube Atlético Ouriense, não só por se ter sagrado Campeão Distrital da Divisão Principal do Distrito de Santarém (motivo que me levou, aliás, a apresentar oportunamente na Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Piedade um Voto de Louvor que foi aprovado por unanimidade), um Atlético campeão precisamente no ano em que celebra os 65 anos de existência, mas também por a equipa de futebol feminino se ter sagrado, no passado Domingo, também ela, campeã nacional pelo segundo ano consecutivo, e que no próximo dia 7 de Junho irá disputar com a equipa do Futebol Benfica, no Jamor, a Final da Taça de Portugal. Estão de parabéns, portanto, todos os protagonistas, em especial direcção, jogadores, equipa técnica, familiares e adeptos, por terem mais uma vez dignificado e elevado bem alto o nome de Ourém.     
Este é, pois, um motivo de enorme orgulho para nós enquanto oureenses. Pela minha parte, na pele de secretário da junta com o pelouro da educação e ensino e do apoio a iniciativas de carácter cultural e desportivo, sinto-me duplamente feliz: desde logo, porque é um clube da minha freguesia, mas também porque é um clube que me habituei desde pequeno a ouvir falar, e que me faz recordar as conversas em casa sobre histórias, hoje com mais de cinquenta anos, como aquela das meninas que se engalanavam todas com as cores do Atlético para vibrarem, por exemplo, nos jogos de hóquei, ou para servirem chá e bolinhos aos craques da época nas festas que resplandeciam na então denominada Vila Nova de Ourém.
Hoje, os tempos são outros, muito diferentes, e as circunstâncias que atravessamos não nos deixam margem para dúvidas. As recentes eleições europeias são exemplo disso mesmo, no que se refere, por exemplo, à taxa de abstenção, a mais alta desde há quarenta anos, os mesmos que dura a democracia. Na freguesia de Nossa Senhora da Piedade, a taxa de abstenção cifrou-se nos 67,62%, um número astronómico que revela não só que as pessoas acreditam cada vez menos nos políticos, o que contribui objectivamente para a descredibilização da política, mas também que há um distanciamento cada vez maior dos cidadãos em relação aos seus eleitos. É, por isso, que se fala na crescente falta de representatividade social dos partidos políticos, na sua perda de legitimidade, pois estes já pouco ou nada espelham a sociedade para a qual se deviam dirigir em primeiro lugar, e já pouco ou nada têm de criativo, inovador e que reflicta os anseios e as expectativas dos cidadãos.
O fenómeno da emigração, sobretudo entre as camadas mais jovens, é um pouco sintomático desta nova tendência. Não porque fossem convidados a emigrar, mas talvez porque deixaram de acreditar e de se rever nas lideranças políticas, milhares de jovens (e menos jovens) portugueses têm rumado a outras paragens para aí encontrarem melhores condições de vida e viverem as oportunidades que o seu próprio país lhes tem negado. Os nossos emigrantes, em particular os oureenses, espalhados pelos quatro cantos do mundo, tornaram-se reconhecidos pela sua capacidade e seriedade laborais, integrando-se com êxito em todas as comunidades, divulgando, como autênticos embaixadores, a sua Terra Natal, enriquecendo e desenvolvendo Portugal com o envio das suas economias. Foi neste contexto, em honra de todos os emigrantes oureenses, que o vereador Vítor Frazão propôs, na reunião de Câmara do passado dia 6 de Maio, e sob os auspícios da Câmara Municipal de Ourém, a criação de uma comissão que lance um concurso de ideias, aberto a todos os oureenses, e, desta forma, se possa vir a erigir em local nobre um monumento ao emigrante. Tal como ao Atlético, também esta homenagem aos nossos emigrantes é a todos os títulos justa".

Folhas Soltas

O texto que se segue foi publicado na Edição de 23 de Maio de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Folhas Soltas
O título do texto desta semana – “Folhas Soltas” – poderia muito bem ser um título de um livro, mas, ao invés, tem a ver com os meus tempos na Escola Secundária de Ourém e com aquele ano em que o professor Manuel Dias, de Jornalismo, incentivou toda a turma a criar o jornal do liceu. Vai daí, eu, o Valentim Silva, o Jorge Neto, o Luís Filipe Cabral e o Paulo Gonçalves desenvolvemos um trabalho de grupo (10º Ano, turma D1, ano lectivo de 1987-1988) e criámos o “Folhas Soltas”, uma brochura artesanal e minimalista (cujo único exemplar, presumo, fui descobrir nos confins do meu arquivo), criada a partir de folhas A4, previamente dactilografadas em máquinas de escrever de teclado “AZERT”, depois recortadas e coladas em folhas de tamanho A3, para finalmente serem fotocopiadas e distribuídas por todo o liceu. Esta miscelânea de técnicas e colagens, e de criatividade, deu origem ao Jornal “Folhas Soltas” e valeu, pelo menos para mim, uma nota bastante razoável no final do ano. Aqui ficam, resumidamente, duas das notícias que por lá apareceram naquele ano de 1988.
1. «Estudantes universitários sabem mal português, indica um estudo sobre recém-chegados às universidades. Segundo um recente inquérito efectuado pelo sindicato dos professores na cidade de Setúbal, os mais de mil alunos inquiridos não atingiram o nível mínimo exigível após 12 anos de escolaridade, no que se refere ao domínio da expressão escrita. Este estudo baseia-se num inquérito a 1412 alunos do primeiro ano de 14 instituições do ensino superior de 12 cidades do país, todos com cadeiras na área linguística. Os alunos tratados pertencem ao conjunto dos que conseguiram entrar no ensino superior – presumivelmente estão entre os que obtiveram maior sucesso no ensino secundário. As perguntas incidiram sobre áreas consagradas nos programas de português do ciclo preparatório e secundário, mas, mesmo assim, verifica-se que os alunos não reconhecem unidades, nem tipos de construção, como pronomes relativos e orações relativas. Os resultados do inquérito parecem mostrar que não se atingiu um domínio da língua que permita reflectir sobre ela ou analisá-la. A maior parte dos alunos não achou o inquérito particularmente difícil e 58 por cento classificaram-no de dificuldade média, enquanto 21 por cento de grande dificuldade. As regiões do país que maiores percentagens conseguiram nos testes foram Coimbra (Faculdade de Letras) e Aveiro (Universidade) com 61,4 e 60,9 por cento, respectivamente. Mais abaixo ficou Lisboa (Faculdade de Letras e Universidade Nova) com 55,7 por cento. Perante estes resultados, ocorre perguntar: foram os conteúdos programáticos cumpridos durante os 12 anos de escolaridade? O que é que falhou na relação ensino-aprendizagem a que seja imputável o “esquecimento” de conceitos básicos sobre a língua? (este trabalho foi realizado com base numa notícia do “Diário de Notícias”)».
2. «A criminalidade em Portugal. O crime já se torna hábito da vida em sociedade, do dia-a-dia de cada povo, de cada nação. Também em Portugal o crime se desenvolve de forma semelhante a outros países europeus. Mas, de certa forma, não podemos negar que os há, mas também não podemos afirmar que Portugal se equipare a outros países. Podemos dizer que no nosso país o crime mantém-se pelas pequenas zangas familiares, ou seja, assuntos de pouco interesse e comuns a todas as sociedades. É certo que crimes acontecem, temos aí um exemplo recente e marcante, evidenciando a violência que existe nas pessoas: o caso do Osso da Baleia, violento e até mortal. Todos nós seguimos este trágico incidente com muito interesse, não por se tratar de mais um mero problema para a história deste país, mas sim pelo seu “preço”, pela sua grande preocupação, que marcará certamente durante muitos anos a vida de todos nós. Quando um homem mata 7 pessoas e é condenado a menos de três anos por cada vida ceifada, algo não corre de feição…»".
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