quinta-feira, julho 03, 2014

Folhas Soltas

O texto que se segue foi publicado na Edição de 23 de Maio de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Folhas Soltas
O título do texto desta semana – “Folhas Soltas” – poderia muito bem ser um título de um livro, mas, ao invés, tem a ver com os meus tempos na Escola Secundária de Ourém e com aquele ano em que o professor Manuel Dias, de Jornalismo, incentivou toda a turma a criar o jornal do liceu. Vai daí, eu, o Valentim Silva, o Jorge Neto, o Luís Filipe Cabral e o Paulo Gonçalves desenvolvemos um trabalho de grupo (10º Ano, turma D1, ano lectivo de 1987-1988) e criámos o “Folhas Soltas”, uma brochura artesanal e minimalista (cujo único exemplar, presumo, fui descobrir nos confins do meu arquivo), criada a partir de folhas A4, previamente dactilografadas em máquinas de escrever de teclado “AZERT”, depois recortadas e coladas em folhas de tamanho A3, para finalmente serem fotocopiadas e distribuídas por todo o liceu. Esta miscelânea de técnicas e colagens, e de criatividade, deu origem ao Jornal “Folhas Soltas” e valeu, pelo menos para mim, uma nota bastante razoável no final do ano. Aqui ficam, resumidamente, duas das notícias que por lá apareceram naquele ano de 1988.
1. «Estudantes universitários sabem mal português, indica um estudo sobre recém-chegados às universidades. Segundo um recente inquérito efectuado pelo sindicato dos professores na cidade de Setúbal, os mais de mil alunos inquiridos não atingiram o nível mínimo exigível após 12 anos de escolaridade, no que se refere ao domínio da expressão escrita. Este estudo baseia-se num inquérito a 1412 alunos do primeiro ano de 14 instituições do ensino superior de 12 cidades do país, todos com cadeiras na área linguística. Os alunos tratados pertencem ao conjunto dos que conseguiram entrar no ensino superior – presumivelmente estão entre os que obtiveram maior sucesso no ensino secundário. As perguntas incidiram sobre áreas consagradas nos programas de português do ciclo preparatório e secundário, mas, mesmo assim, verifica-se que os alunos não reconhecem unidades, nem tipos de construção, como pronomes relativos e orações relativas. Os resultados do inquérito parecem mostrar que não se atingiu um domínio da língua que permita reflectir sobre ela ou analisá-la. A maior parte dos alunos não achou o inquérito particularmente difícil e 58 por cento classificaram-no de dificuldade média, enquanto 21 por cento de grande dificuldade. As regiões do país que maiores percentagens conseguiram nos testes foram Coimbra (Faculdade de Letras) e Aveiro (Universidade) com 61,4 e 60,9 por cento, respectivamente. Mais abaixo ficou Lisboa (Faculdade de Letras e Universidade Nova) com 55,7 por cento. Perante estes resultados, ocorre perguntar: foram os conteúdos programáticos cumpridos durante os 12 anos de escolaridade? O que é que falhou na relação ensino-aprendizagem a que seja imputável o “esquecimento” de conceitos básicos sobre a língua? (este trabalho foi realizado com base numa notícia do “Diário de Notícias”)».
2. «A criminalidade em Portugal. O crime já se torna hábito da vida em sociedade, do dia-a-dia de cada povo, de cada nação. Também em Portugal o crime se desenvolve de forma semelhante a outros países europeus. Mas, de certa forma, não podemos negar que os há, mas também não podemos afirmar que Portugal se equipare a outros países. Podemos dizer que no nosso país o crime mantém-se pelas pequenas zangas familiares, ou seja, assuntos de pouco interesse e comuns a todas as sociedades. É certo que crimes acontecem, temos aí um exemplo recente e marcante, evidenciando a violência que existe nas pessoas: o caso do Osso da Baleia, violento e até mortal. Todos nós seguimos este trágico incidente com muito interesse, não por se tratar de mais um mero problema para a história deste país, mas sim pelo seu “preço”, pela sua grande preocupação, que marcará certamente durante muitos anos a vida de todos nós. Quando um homem mata 7 pessoas e é condenado a menos de três anos por cada vida ceifada, algo não corre de feição…»".

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