quarta-feira, julho 29, 2020

A sustentabilidade

Sustentabilidade é um conceito amplamente utilizado, no entanto, nem sempre é entendido profundamente o seu significado.
A definição de sustentabilidade mais difundida é a qual considera que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer as necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Naturalmente, não podemos falar de sustentabilidade sem uma visão de longo prazo, uma vez que os interesses das futuras gerações devem ser acautelados.
Olhar o concelho de Ourém, nos seus recursos ambientais, sociais com uma economia que permita satisfazer a sua população ao longo do tempo é um exercício de gestão comprometida e responsável com o presente e com o futuro.
Somos, enquanto ourienses bafejados pelo milagre de Nossa Senhora de Fátima, um altar do mundo religioso, herdeiros de um património geomorfologico riquíssimo, uma imensa diversidade paisagística e ambiental, recursos hídricos em abundância, com excepção da zona da serra, gentes de fibra, que sabe trabalhar, adaptar-se, procurar sempre o melhor.
O território influencia o ser humano e é influenciado por este, creio que nos falta uma identidade própria enquanto concelho, que seja unificador, uma marca, uma estratégia de promoção concelhia, que potencie a diversidade do território, será pois muito importante criar corredores de conectividade entre as práticas e actividades das diversas áreas do território concelhio, onde todos se sintam integrados, ativos numa projeção interna e externa.
A diversidade paisagística, ambiental, cultural, de setores de atividade é enorme! O que dificulta o sentimento de unidade, precisamos por isso de criar sinergias, complementaridades, que nos completem e que nos unam.
O fenómeno que é Fátima em termos religiosos, deve ser um eixo para o desenvolvimento sustentado, sabemos que não tem sido necessária nenhuma estratégia de dinâmica turística concertada para atrair a enorme afluência de peregrinos motivados pelo apelo da fé, no entanto esta pandemia veio demonstrar o quanto pode ser frágil um setor da economia, quando apenas entregue à fé e ao hábito. Prever cenários de imprevisto, e definir estratégias face a esses cenários, previne estas situações. Há que dinamizar o turismo de Fátima, aumentando o leque de atividades sócio-culturais, ampliando os interesses dos visitantes a todo o território do concelho. Implementar em Fátima um Politécnico de ciências sociais e humanistas e de estudos Teológicos.
Um outro eixo de acção a agricultura é floresta, desde a exploração até à transformação. Temos assistido no nosso concelho a algumas iniciativas de jovens que se estão a afirmar e muito bem como produtores locais, nacionais e com exportação de frutos, nomeadamente frutos vermelhos a eles os nossos parabéns, não obstante a criação de uma rede de produtores, e de mecanismos concertados de escoamento de produtos seria uma enorme mais-valia.
A implementação de árvores e arbustos ao longo das linhas de água e ribeiras do concelho, aumentando a riqueza ecológica, definir ao longo destas margens, sempre que possível, os caminhos de Fátima, criando corredores naturais de passagem de flora e fauna, melhorando a qualidade da água e criando, naturalmente, barreiras à propagação dos fogos.
Hoje o vime, quase não existe no concelho, seria muito pertinente a exploração do vime e a implementação da cestaria tradicional, cada vez com mais procura e que já foi uma atividade artesanal tão enraizada na nossa terra.
A floresta de monocultura de resinosas, embora possa parecer mais rentável numa primeira fase, é um bom exemplo de como não ser sustentável, hipotecando os recursos das gerações vindouras, com prejuízos incalculáveis: a perda da qualidade e da quantidade do solo, perda da disponibilidade hídrica, perda da biodiversidade e os inevitáveis e temidos incêndios!
Observemos qual o tipo de floresta que queremos ter daqui a 50 anos, o que será do espaço e do ambiente? O que podemos e devemos fazer, tem de ser agora!
Lembremos a excelência do mobiliário do concelho, tenhamos a coragem de investir nele com orgulho para o tornarmos vivo no tempo, sustentável.
Falamos de sustentabilidade, sabemos que a água será o grande fator limitante, sabemos agora que não é um recurso inesgotável, a essência da vida, deve ser usada com inteligência, eficiência, deve haver uma estratégia de monitorização e gestão da água no concelho, nomeadamente da exploração da água subterrânea por meio de poços e furos.
Deve haver ainda um reaproveitamento das águas pluviais, nomeadamente através de bacias de retenção que possas servir para aumentar a infiltração diminuir as cheias possibilitar a criação zonas húmidas com interesse ambiental.
Saibamos nós olhar com orgulho para o que é nosso e preferir comprar/investir cá e o de cá! Libertando o preconceito da falta de auto-estima enquanto membros desta comunidade e unidade concelhia tão multifacetada!
Saibamos olhar para o vizinho da freguesia do lado, da empresa do lado, da casa do lado e alegrarmo-nos com o seu sucesso e no que nos for possível contribuir para ele.
Saibamos nós olhar para os nossos antepassados e honrar a forma sustentável e criativa com que geriram a sua vida e nos fizeram chegar aqui.
Saibamos nós olhar para os nossos filhos e para os nossos netos com respeito, sabendo que se lhe deixarmos peixes no rio eles saberão pescar!

Anabela Henriques Pereira
Apoiante do MOVE

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