Tal como neste avião, também os países possuem quatro motores essenciais que, quando combinados e compensados, impulsionam a sua economia, garantem o seu crescimento e a tornam sustentável no longo prazo. São eles: o consumo interno, a despesa pública, o investimento privado e as exportações.
Imaginemos agora que o tal avião é, na verdade, um país, e esse país se chama Portugal. Para se manter numa altitude de dez mil metros e a uma velocidade de cruzeiro - que torne a viagem agradável aos dez milhões de passageiros que nele embarcaram -, é necessário que os seus quatro motores desempenhem eficientemente o papel para que foram concebidos: levar Portugal de um ponto de partida para um ponto de chegada, com base num plano de voo milimetricamente concebido para o efeito, sem o qual muito dificilmente a rota do avião poderá ser mantida ao longo do percurso. Para isso, necessita dos seus quatro motores a funcionar, sem os quais o avião tem mais dificuldades em enfrentar as turbulências e as adversidades que vai encontrando pelo caminho, tornando, deste modo, a viagem mais instável e atribulada para os passageiros.
Mas, a dado momento desta viagem transatlântica, alguns dos passageiros apercebem-se que os motores do consumo interno e do investimento privado ficaram anémicos e pegaram fogo, ficando a tal ponto inutilizados que o comandante do avião não tem outra alternativa senão desligá-los. Pouco tempo depois, é a vez do motor da despesa pública começar também a falhar, obrigando o comandante, uma vez mais, a seguir as normas de segurança e a desligá-lo. Após uma análise minuciosa ao modo de funcionamento técnico do aparelho, a tripulação conclui que teria havido uma fortíssima obstrução das válvulas que conduzem o combustível aos motores, pelo que enfrentam agora a pior adversidade que jamais um piloto pode enfrentar: pilotar uma enorme aeronave apenas com um motor - o das exportações -, e, mesmo este, a apresentar falhas estruturais extremamente perigosas. O avião, apenas com um motor a funcionar, acabou, infelizmente, por se despenhar, e jaz hoje no fundo do oceano.
No fundo do oceano, jazem os restos mortais dos dez milhões de passageiros, cujas famílias nunca receberam até hoje um pedido formal de desculpas...
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