segunda-feira, outubro 29, 2012

Refundação do Estado?

O primeiro-ministro Passos Coelho rezou um acto de contrição e anunciou ao país na semana passada que quer empreender, até 2014, uma reforma do Estado, que consistirá numa "refundação" do memorando de entendimento celebrado com a Troika.
Boa Pedro, excelente ideia! O país estava carente deste tipo de masturbação ideológica, faminto por experimentar novas sensações de prazer e ejacular doses incomensuráveis de esperança!
Conta connosco para levar por diante esta empreitada, sabemos que difícil, mas será certamente muito gratificante. E o país vai-te agradecer e, quem sabe, dar-te a vitória em 2015, se é que lá chegas vivo e inteiro.
Refundir é, pois, a palavra de ordem. Toca a juntar as tropas e marchar por essas instituições públicas e por esse país adentro. Não podemos permitir um Estado obeso, cheio de vícios e gorduras. Matemos todos os fungos venenosos que o corroem por dentro, pelos lados e por fora. Combatamos as pieguices e essa coisa extraordinária, mas que já leva séculos de existência, que é insistirmos nesse luxo de vivermos acima das nossas possibilidades e de termos 485 Euros de salário mínimo. Estes "pintelhos" que desgraçam a economia do país têm de ser banidos de uma vez por todas da sociedade portuguesa. Temos de renascer das cinzas, como a Fénix, para posar bem na fotografia da grande Europa da senhora Merkel e de todos os outros indigentes políticos a quem tu lambes as botas.
Por isso, antes de deixares o país e os portugueses na mais absoluta miséria económica, física e psicológica, ensaia primeiro a refundação que a seguir te sugerimos:
- Refundir meia centena de deputados que estão a mais no parlamento.
- Refundir as PPP e todas as rendas e subsídios que são uma burla para o Estado e que nos custam uma pipa de massa.
- Refundir aquelas empresas municipais que são ciclicamente deficitárias, cujas atribuições e competências são redundantes e que só servem para empregar a malta acéfala e indigente dos aparelhos partidários.
- Refundir as inúmeras fundações que representam uma multiplicação de funções do Estado e que só servem para empregar gente amiga, sem emprego e que apenas sabe viver à conta do Estado.
- Refundir os inúmeros institutos públicos que constituem uma espécie de IEFP da malta dos partidos e de ex-nomeados para os órgãos superiores da administração pública.
- E, nesta linha, refundir o escândalo que são também alguns dos vetustos observatórios que não observam nada, mas que custam milhões ao erário público.
- Refundir as mordomias principescas que graçam de uma ponta a outra da administração pública, de que as senhas de presença, os subsídios para tudo e mais alguma coisa (habitação, deslocação, representação, e mais o diabo a quatro) são apenas um ínfimo exemplo. Era preferível aumentar o salário dessa gente toda, nas devidas e contidas proporções, do que andar a subsidiar e a alimentar uma quadrilha de chupistas que só sabem mamar à custa dos impostos dos portugueses.
- Refundir o financiamento aos partidos e deixar que cada um se financie por conta própria e não à custa dos portugueses. Por que razão os autores deste Blog têm de andar a pagar as campanhas elitorais do CDS-PP quando nem sequer votam neste partido?
- Refundir um número justo e equilibrado das 4.260 freguesias do país, muitas das quais criadas em cima do joelho, por razões muitas vezes bairristas e estritamente políticas e eleitoralistas, e que são também um considerável sorvedouro de dinheiros públicos. E, no entretanto, analisar, de forma imparcial e com olhos de ver, se no Século XXI se justifica e se há dimensão e capacidade para manter 308 municípios em Portugal.
- Refundir as rendas chorudas e imorais pagas ao sector energético com o dinheiro de todos nós.
- Refundir o "ministério da dívida pública", o que não deve significar deixar de pagar aos credores, mas antes pagar segundo as nossas reais capacidades, deixando fôlego para que os portugueses possam respirar e sobreviver.
- Refundir os multimilionários custos com pareceres jurídicos encomendados aos amigos, quando não mesmo aos escritórios e/ou empresas dos próprios que os encomendam, quando sabemos que o Estado tem e pode perfeitamente utilizar os recursos de que dispõe para a sua elaboração.
- E a lista seria quase interminável...
Caro Pedro, enquanto não regurgitarmos tudo o que causa asia ao Estado, o engorda e o torna lento, burocrático e podre, não há refundação possível que nos possa valer enquanto país. Haja coragem para enfrentar as clientelas, os grupos de interesse, os parasitas que vivem à custa da "causa pública", os corporativismos e toda essa cambada de gente inútil que pulula de tacho em tacho à espera da melhor cama para se deitar, haja vontade para o fazer e verás que os portugueses serão o melhor povo do mundo e Portugal um país mais livre, mais justo e mais democrático.

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