quinta-feira, março 27, 2014

O mundo rural

O texto que se segue foi publicado na Edição de 21 de Março de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
O mundo rural
Nos próximos dias 29 e 30 de Março realiza-se no Centro de Negócios de Ourém a III Feira dos Produtos da Terra, cujo principal objectivo, segundo a organização, é “estimular e apoiar os agentes económicos ligados às actividades relacionadas com o mundo rural”.
Neste âmbito, vale a pena recordar que, nas últimas eleições autárquicas, uma das promessas que o MOVE inscreveu no seu caderno de encargos (leia-se programa eleitoral) foi a aposta na ruralidade do concelho de Ourém, nomeadamente através do desenvolvimento agrícola e do turismo rural, isto tendo em conta que o nosso concelho tem uma componente vincadamente rural e na qual falta apostar. Daqui deriva o facto de o MOVE ter defendido, pública e acerrimamente, a necessidade de existir um vereador com funções específicas, precisamente para o “norte do concelho”, ao qual chamou o “vereador do norte”. Estão lembrados?
Ora, para além disso, o MOVE prometeu também apoiar a organização de feiras e certames e, já em Dezembro último, o vereador Vítor Frazão propôs na Câmara Municipal, aquando da discussão e da aprovação dos Documentos Previsionais para 2014 e Grandes Opções do Plano para 2014-2017, a inclusão de acções alusivas a feiras de gado e produtos agrícolas, propostas que, aliás, ficaram plasmadas naqueles documentos.
Daqui resultam, para já, duas conclusões óbvias: a primeira, é que a realização de eventos como a Feira dos Produtos da Terra assume uma importância indiscutível se o que queremos é efectivamente promover o desenvolvimento rural e agrícola. Depois, a segunda conclusão é que o MOVE tem-se esforçado por fazer jus àquilo que prometeu na campanha eleitoral, salvaguardando sempre, como é evidente, as especificidades e as características sócio-económicas e culturais do nosso concelho. Por essa razão, parece-me que não é despiciendo deixar aqui um apelo veemente e frontal ao poder político local para realizar esta feira no próximo ano no “norte do concelho”. Advêm daí algumas vantagens: desde logo, isso contribuiria para a valorização do mundo rural, permitia identificar e reconhecer potencialidades, conhecer a região e sinalizar as dificuldades sentidas pelos produtores e populações locais; depois, serviria para conhecermos melhor o modo como a actual crise está a influenciar o regresso à agricultura dos jovens e menos jovens do nosso concelho, e como isso se relaciona com a difícil gestão do dia-a-dia (de pura subsistência) que as nossas famílias são neste momento obrigadas a fazer; finalmente, tal constituiria não só uma oportunidade para mais produtores escoarem uma maior quantidade de produtos, como também incentivava e valorizava, de uma forma mais eficaz, quer a agricultura propriamente dita, quer as actividades que dela dependem ou com ela se relacionam.     
Assim, não vale a pena prometermos mundos e fundos só para eleitor ver em períodos eleitorais, se depois não damos consequência ao que prometemos e, ainda por cima, desdenhamos das propostas apresentadas pelos outros. É o que se tem visto ultimamente nas reuniões da Assembleia Municipal, com os deputados do Grupo Municipal do PSD (sobretudo) a cuspirem no próprio prato, na medida em que proclamaram nas últimas eleições que havia chegado a “hora do norte”, apregoando isso aos quatro ventos, e agora amesquinham-se com as ideias apresentadas pelo MOVE, as quais, recorde-se, foram incluídas no Orçamento para 2014 e Plano de Actividades. Mas, o que é mais grave, é que com esta atitude aqueles senhores acabam por evidenciar um sinal claro de escárnio em relação àqueles que fazem uso do seu ofício e, com esforço, trabalham a terra".

terça-feira, março 18, 2014

Escola autárquica

O texto que se segue foi publicado na Edição de 14 de Março de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.


"Coluna do Meio
Escola autárquica
No seguimento dos textos anteriores, trago-vos hoje um tema que me é particularmente caro, e pelo qual julgo que, por exemplo, todos os partidos políticos deviam alinhar o seu diapasão. Falo concretamente da criação da chamada escola autárquica, tema recorrente durante a campanha eleitoral das últimas eleições autárquicas e que teve como seu único porta-voz, pelo menos de forma mais declaradamente assumida, Vítor Frazão e o MOVE – Movimento Ourém Vivo e Empreendedor. Isto não significa, porém, que a ideia da criação de uma sólida escola autárquica seja um exclusivo dos movimentos independentes de cidadãos, só que, o que acontece é que, as mais das vezes, os partidos políticos ou não a praticam de todo ou, quando a praticam, a ideia que perpassa para a opinião pública assemelha-se mais a um certo e desenfreado “carreirismo político” do que propriamente à defesa de uma verdadeira escola para a cidadania.
Mas, que raio de escola é esta? De que é que eu estou para aqui a falar? Os estimados leitores podem sossegar os ânimos, pois não estou a propor a construção de uma nova escola, estou a falar em sentido figurado. Para percebermos melhor o conceito, façamos um pouco de história e revisitemos aquilo que ficou plasmado num documento que foi tão polémico quanto arrebatador de invejas e preconceitos, e que deu pelo nome de “Compromisso de Governabilidade da Câmara Municipal de Ourém”. Lê-se no ponto 6º deste documento que o “vereador Vítor Frazão, visando criar escola autárquica e de cidadania, cederá, em tempo oportuno, o seu lugar a outro elemento do MOVE […] alistado na candidatura à Câmara Municipal”.
Parece-me que já começamos a descortinar um pouco daquilo que está aqui em causa, e uma das primeiras conclusões a que podemos chegar é a de que o vereador Vítor Frazão, ao contrário de alguns (sobretudo daqueles que lhe são mais críticos) não está – e estou em crer que nunca esteve – agarrado ao “poleiro” ou refém de qualquer “tacho”. Bem sei que é muito difícil acreditarmos nesta prática tão altruísta, até porque sempre podemos argumentar que quando a esmola é muita o santo desconfia, mas a verdade é que quando olhamos para os outros à nossa própria imagem, acabamos por ver extensões de nós mesmos e não a singularidade ou a benevolência dos outros. Em consequência, caímos inevitavelmente no erro de medir todos pela mesma bitola, e isso não está certo nem é digno do ser humano.
Outra das conclusões que podemos tirar desta história prende-se com a circunstância de que a escola autárquica que aqui é defendida tem por objectivo possibilitar aos membros das listas candidatas (neste caso aos vários órgãos autárquicos) a assunção dessas responsabilidades (autárquicas) e o consequente ganho de experiência. É sabido que ninguém nasce ensinado e, por essa razão, é extremamente importante que todos possamos começar por baixo e a fazer qualquer coisa. Ora, nem sempre os partidos políticos estão na disposição de alargar a todos os seus militantes e/ou simpatizantes a participação destes na vida política e cívica da comunidade onde estão inseridos, umas vezes porque a concorrência de talentos lhes é particularmente afrontosa, outras vezes porque para além do seu núcleo duro de apaniguados, autómatos e fiéis seguidores todos os outros são “carne para canhão” ou simples “verbos-de- encher”. É aqui justamente que os movimentos de cidadãos podem e devem desempenhar um papel decisivo a favor da democracia participativa e da cidadania, de cujo papel o MOVE não se demite e tem sido, de há um tempo a esta parte, o principal interlocutor no concelho de Ourém. Longe vá o agoiro, mas continuo a achar que a escola autárquica constitui também um bom antídoto para o combate ao clientelismo e caciquismo – chagas peçonhentas que proliferam como cogumelos por aí e que subvertem a nossa democracia".

terça-feira, março 11, 2014

Educar para aprender

O texto que se segue foi publicado na Edição de 7 de Março de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Educar para aprender
No ano em que se celebra a passagem do quadragésimo aniversário do 25 de Abril, eis que nem a propósito o texto desta semana chega também ao número quarenta. Desta feita, para assinalar da melhor maneira possível estes dois acontecimentos, irei falar-vos hoje sobre educação, entendida esta como um processo, método e acção que permitem o desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano.
Com efeito, o domínio da educação é imenso, pois abrange todos os sectores em que se exerce a inteligência, a memória, a vontade, os sentimentos, os comportamentos, com vista a realizar o desenvolvimento das possibilidades e do destino de cada um numa determinada sociedade. E o termo educação é mais vasto do que o de instrução, já que este último refere-se apenas ao desenvolvimento das faculdades intelectuais e não ao das faculdades morais (quem nunca ouviu dizer que instrução não é sinónimo de educação?). E se, por um lado, a educação (dita permanente) procura desenvolver e completar a educação dos jovens trabalhadores e das camadas adultas da população, através, por exemplo, de casas de cultura, universidades, cursos nocturnos ou clubes culturais, já por outro lado, a educação (dita de base) refere-se ao conjunto dos esforços empreendidos pelo governo ou grupos privados para integrar activamente as populações no desenvolvimento económico e no progresso social do país, associando-os e fazendo-os participar nas transformações que elevarão o seu nível de vida, fornecendo-lhes os meios adequados, tais como alfabetização, comunicação de melhores processos e de novas técnicas ou educação profissional e social. De referir que educação pode ser também definida como um processo consciente e voluntário de aculturação dos membros jovens da sociedade pelos membros mais velhos, sendo que este processo é geralmente institucionalizado de modo a transmitir à nova geração os conhecimentos, as técnicas, o saber, as ideias, os modelos e os comportamentos estabelecidos numa determinada sociedade (Alain Birou, Dicionário das Ciências Sociais, 5ª Edição, Publicações Dom Quixote, 1982).
Ora, é precisamente aqui que o tema de hoje também tem a ver com o 25 de Abril, pois que, mais do que adaptação e integração, a educação deve ser uma formação do homem para a liberdade, a responsabilidade e a criatividade. A este nível, não nos esqueçamos que a educação começa em casa, e aqui a educação dos pais e a sua predisposição para a formação intelectual, moral e cívica dos filhos constituem, senão a mais importante, pelo menos a mais eficaz ferramenta de combate à actual crise de valores que enfrentamos em Portugal, e também um pouco por todo o lado.
Nesta sequência, surge-nos depois a escola, e aqui é de louvar o trabalho desenvolvido pelos professores, mas também a dedicação dos seus órgãos directivos, pessoal docente, auxiliares, associações de pais e, claro está, dos próprios alunos. A despeito de todas as críticas que têm sido dirigidas a certos comportamentos de alguns alunos (e não tomemos a nuvem por Juno), designadamente ao nível das praxes académicas (algumas das quais pouco ou nada dignas e integradoras, bem pelo contrário), apesar desse circunstancialismo todos os agentes educativos, sem excepção, nos devem merecer o mais veemente respeito e reconhecimento. A valorização da educação e do papel que a escola desempenha no processo formativo das pessoas e/ou dos alunos (certa que é a sua contribuição para o engrandecimento cultural e académico de inúmeros jovens que serão os homens e as mulheres de amanhã), tem sido também uma das preocupações centrais – há que dizê-lo – do MOVE e de Vítor Frazão (das quais também eu obviamente não me excluo). Prova disso, têm sido os diversos votos de louvor apresentados nos diversos órgãos autárquicos, de que o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela Insignare constitui apenas um dos exemplos. E que bom exemplo".

terça-feira, março 04, 2014

Ler faz bem

O texto que se segue foi publicado na Edição de 28 de Fevereiro de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.

"Coluna do Meio
Ler faz bem
Enquanto uns se distraem com pequenas questiúnculas ou minudências que a actualidade política local vai despertando, outros, pelo contrário, continuam na senda das promessas que fizeram aos eleitores nas últimas eleições, pois isso é o mais importante e a pedra de toque que os faz mover em direcção ao futuro. Ora, é neste último cenário que se encontra o MOVE – Movimento Ourém Vivo e Empreendedor, e é neste campo que a sua actividade política gravita e encontra a sua expressão máxima. Só no presente mandato, entre propostas, declarações de voto, votos de louvor e de pesar, recomendações e requerimentos, o MOVE já leva mais de meia centena de documentos apresentados pelo vereador Vítor Frazão na Câmara Municipal de Ourém, o que atesta muito sobre a preocupação e a sensibilidade que os problemas dos oureenses representam para este movimento de cidadãos.
A este propósito, toda a actividade política que o MOVE tem desenvolvido, quer na Câmara, quer na Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia, atesta ainda uma outra coisa que considero de vital importância, e que tem a ver com a alegada falta de independência do MOVE em relação ao PS apenas pelo facto de terem assinado, já depois das eleições, um compromisso de governabilidade para a Câmara Municipal. Nessa altura, recorde-se, uma das teses dominantes era a de que o MOVE se tinha vendido ao PS e que era agora a nova muleta dos socialistas. Ora pois bem, nada mais patético e enganador. A despeito de muitos insistirem no contrário, a verdade é que nem o MOVE é o PS, nem o PS é o MOVE. São duas realidades completamente distintas, cada uma com vida própria, que pensam com as suas próprias cabeças e que apenas têm em comum o facto de terem celebrado um acordo para assegurar a governabilidade na Câmara Municipal. De resto, é bom termos presente que um dos pressupostos plasmados no tão famigerado compromisso diz respeito precisamente à necessidade de serem salvaguardados, com equidade e humanismo, os soberanos interesses dos oureenses, designadamente que sejam escutadas com regularidade as pretensões de todos os órgãos autárquicos democraticamente eleitos. Noutro passo, recorde-se ainda o pressuposto de que o vereador Vítor Frazão votará, de forma responsável, todas as propostas e/ou deliberações que visem o desenvolvimento do município e o bem-estar da sua população, independentemente dos seus proponentes e sem prejuízo de as propostas do MOVE terem igual tratamento.
E não se pense que o MOVE, abstendo-se da sua identidade, votará sempre alinhado com o PS. Acaso alguma proposta da maioria não se vislumbre benéfica nem útil para a resolução dos problemas concretos das pessoas (como já foi o caso), o vereador Vítor Frazão não hesitará em votar contra se isso for o que o interesse público ditar. Mas, para compreendermos este estado de espírito, seria útil que todos fossemos acompanhando, de forma séria e regular, o que o MOVE tem vindo a fazer em termos de política autárquica. Para isso, é fundamental que, ao invés de embarcarmos na primeira crítica leviana que encontrarmos pela frente, todos nos permitamos ler o que a este respeito se vai escrevendo por aí. No que me toca, tenho o hábito de ler todos os textos dos colonistas que ladeiam esta “Coluna do Meio”, tanto os da esquerda como os da direita, e não serei cínico ao ponto de não assumir aqui que muitos desses textos são tudo menos enfadonhos. É que sou daquelas pessoas que pensa que ler faz bem, exercita o nosso cérbero, dá-nos conhecimento e capacidade de raciocínio, para além de nos ensinar a não dar erros de palmatória ou “pontapés na gramática”. Já para não falar de que ler, sobretudo o que os outros escrevem, constitui também um sinal de respeito por quem escreve e por aquilo que escreve".
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