quarta-feira, outubro 10, 2012

Pantominices económicas

1. O italiano Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, afirmou ontem que o processo de ajustamento de Portugal "está a ter lugar mais depressa do que o esperado, a economia está a reequilibrar-se de uma base puramente de consumo privado para uma economia mais orientada para as exportações, a competitividade está a melhorar, os custos unitários do trabalho estão a descer e o défice da balança de transacções correntes está a baixar, e tudo isto são sinais de progressos"!
2. Também ainda ontem, Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (o que será o Eurogrupo e para que serve?), dizia que estava "muito impressionado com o que o Governo português está a fazer" e que "o programa de ajustamento português está no «bom caminho»".
3. Já esta manhã, e em Macau, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, também dizia que "estamos no bom caminho", que o "esforço de ajustamento da economia portuguesa tem sido muito considerável, mas os frutos começam a aparecer sob a forma de uma acentuada correcção das contas externas e da melhoria progressiva das condições de financiamento do tesouro português". No seu discurso, que pode ser lido na íntegra aqui, referiu ainda que há "progressos muitos importantes em matéria de reforço das condições de estabilidade do sistema financeiro: temos agora bancos mais capitalizados, mais transparentes, menos alavancados do que há um ano atrás".


4. De resto, os indicadores disponíveis confirmam as pantominices económicas avançadas por tão ilustres figuras: o consumo privado e a actividade económica em Portugal estão em queda há vinte meses consecutivos, com o primeiro indicador a cair em Agosto 4,9% e a actividade económica a contrair 2,3%.
Portugal está, de facto, no bom caminho, na opinião deles, claro: competitividade a crescer (?) com base em salários baixos, actividade económica de rastos e uma banca fortalecida e pujante (resta saber para emprestar dinheiro a quem ou a que economia). Poderão até ser sinais animadores e de progresso aos olhos desta tecnocracia europeia e nacional ideologicamente indigente, mas à custa do sacrifício e da miséria de milhares ou milhões de portugueses. 

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