segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Vou deixar a minha casa!


O processo de institucionalização de um idoso numa Estrutura Residencial para Idosos, num Centro de Dia, por vezes não é um processo fácil para as famílias, mas principalmente para o Idoso.

A visão que existe destas estruturas, muitas vezes não é favorável, os Idosos olham para estas Respostas Sociais como prisões, como perda da sua independência.

Será que é mesmo assim?

Ao longo do meu percurso profissional, inicialmente em Centro de Dia e posteriormente em ERPI, lidei com algumas recusas na institucionalização e sempre coloquei no idoso a opção de escolha, sempre lhes fiz a proposta de: “Vem experimentar uns dias, se não se adaptar, volta para casa”. Esta opção é mais fácil em Centro de Dia, visto que os idosos ainda possuem alguma autonomia, alguma independência, ou a família ainda consegue prestar apoio durante o período noturno e fins-de-semana. Nunca tive ninguém que desistisse de Centro de Dia, aliás o fato de ao fim-de-semana esta resposta estar encerrada, para os utentes era uma “dor de cabeça”, pois estavam em casa, muitas vezes isolados.

O deixar a nossa casa, não é um processo fácil! Construímos uma vida e agora deixamos tudo para trás, deixamos o nosso quarto, os quadros, a nossa sala, o nosso sofá… são tudo bens materiais, SIM, mas que contêm memórias, muito do nosso suor, do nosso esforço ao longo de uma vida!

É FÁCIL? NÃO!

Todo o idoso devia passar por um processo de transição entre a sua casa e a sua institucionalização numa Estrutura Residencial para Idosos! Esse processo pode passar pelo Centro de Dia, onde o idoso ainda continua a ir a casa e não existe um corte radical com as suas raízes, com o cheiro da sua casa!

Vale a pena, pensar nisto!

Ana Ferreira (Assistente Social)
Membro do MOVE – Movimento Independente
Freguesia de Fátima

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