Esta é uma história baseada em acontecimentos verídicos ocorridos
no Japão durante as décadas de 20 e 30 do século passado. Nela se conta a
emocionante relação de amizade e carinho entre um cão de raça ´Akita´, uma raça
conhecida pela sua lealdade, e o seu dono, um professor universitário de
Tóquio. Em 2009 esta história chega ao cinema através de um filme dramático de
Lasse Hallström, com Richard Gere e Joan Allen nos principais papéis.
Em 1924, Hidesaburo Ueno, um professor do departamento de agricultura
da Universidade de Tóquio, trouxe para esta cidade um cão de raça ´Akita´, uma
raça de cães conhecida no Japão por ser extremamente leal ao seu dono. O
professor Ueno, um grande amante de cães, baptiza-o com o nome de ´Hachi´
(Hachiko é o diminutivo de Hachi).
Assim, todos os dias de manhã, Hachiko acompanhava o professor
desde a sua casa até à estação de comboios de Shibuya, um bairro de Tóquio, e
voltava ao final da tarde para esperar pelo seu dono. Para todos aqueles que
frequentavam a estação ou trabalhavam por ali, a visão dos dois, que chegavam
juntos de manhã e voltavam para casa juntos ao final da tarde, não podia deixar
de impressionar todos profundamente. Esta rotina continuou até à primavera do
ano seguinte, quando numa tarde de Maio o professor não voltou como era
costume. A 21 de Maio de 1925, o professor Ueno sofreu um AVC durante uma
reunião do corpo docente na universidade e morreu. Dizem os relatos da altura
que, na noite do velório, Hachiko partiu as portas de vidro, entrou na sala e
passou a noite deitado ao lado do dono. Ou ainda que, quando chegou a hora de
colocar alguns objectos pessoais dentro do caixão, Hachiko saltou lá para
dentro e tentou resistir a todas as tentativas para removê-lo.
Depois da morte
do professor Ueno, Hachiko foi enviado para casa de familiares do professor em
Asakusa, no leste de Tóquio, tendo fugido diversas vezes voltando para a casa
em Shibuya. Mais tarde, foi entregue ao ex-jardineiro do professor, uma pessoa
que o conhecia desde pequeno, mas o cão fugia e voltava sempre para a casa do
professor. Ao perceber que o professor já não vivia lá, Hachiko
ia todos os dias à estação de Shibuya, como tinha feito no passado, na
esperança de encontrar outra vez o seu dono e amigo. A figura permanente do cão
à espera do dono, atraiu a atenção das pessoas. Algumas delas, frequentadoras
habituais da estação, já tinham visto Hachiko e o professor indo e vindo
diariamente no passado. Percebendo que o cão esperava em vão a vinda do dono,
ficaram tocadas e começaram a trazer comida e petiscos para aliviar a sua dor.
Durante nove anos seguidos, Hachiko aparecia ao final da tarde na estação,
precisamente no momento de desembarque, na esperança de reencontrar o seu dono.
Hachiko finalmente começou a ser compreendido pelas pessoas na estação de
Shibuya. Uma delas, um aluno do professor Ueno, também ele amante de cães, ao
conhecer a história de Hachiko, começou a publicar diversos artigos sobre a
lealdade do cão em jornais locais. Mais tarde, a história chegou a um grande jornal
nacional, todo o povo japonês ficou a saber e o cão tornou-se uma celebridade.
A sua dedicação à memória do dono impressionou toda a gente. Pais e professores
usavam Hachiko como exemplo para educar as crianças. Porém, a fama repentina de Hachiko pouca diferença fez na sua vida. Continuou exactamente a ser da mesma
maneira. Todos os dias partia para a estação e esperava lá pelo professor para
regressarem juntos a casa. Em 1929, Hachiko contraiu uma caso de sarna que
quase o matou. Devido aos anos passados nas ruas, começou a ficar magro e com
feridas das lutas com outros cães. Uma das orelhas já não se punha de pé.
Entretanto envelheceu, tornou-se muito fraco e sofria de ´dirofilariose´, um verme que ataca o coração.
Na madrugada do dia 8 de Março de 1934, com a idade de 11 anos, Hachiko morreu na estação de comboios, depois de 9 anos e dez meses de espera. A morte de Hachiko apareceu nas capas dos principais jornais do país, o que deixou muita gente inconsolável. Um dia de luto foi decretado. Os seus ossos estão sepultados ao lado do professor Ueno, no cemitério de Aoyama, em Tóquio. A sua pele foi preservada, servindo para embalsamar uma figura de Hachiko que pode ser observada no Museu Nacional de Ciências em Ueno, Tóquio.
Na madrugada do dia 8 de Março de 1934, com a idade de 11 anos, Hachiko morreu na estação de comboios, depois de 9 anos e dez meses de espera. A morte de Hachiko apareceu nas capas dos principais jornais do país, o que deixou muita gente inconsolável. Um dia de luto foi decretado. Os seus ossos estão sepultados ao lado do professor Ueno, no cemitério de Aoyama, em Tóquio. A sua pele foi preservada, servindo para embalsamar uma figura de Hachiko que pode ser observada no Museu Nacional de Ciências em Ueno, Tóquio.
A 21 de Abril de 1934,
uma estátua de bronze de Hachiko, esculpida pelo famoso escultor Tern Ando, foi
erguida em frente da bilheteira da estação de Shibuya, com um poema gravado em
cartaz intitulado “Linhas para um cão leal”.
A cerimónia de inauguração foi um grande acontecimento, com a
participação do neto do Professor Ueno e uma grande multidão de pessoas. Pelo
país fora a fama de Hachiko espalhou-se e a raça ´Akita´ cresceu. Porém, mais
tarde, a figura e a lenda de Hachiko foi distorcida e usada como símbolo de
lealdade ao Estado, aparecendo em propaganda que difundia o fanatismo
nacionalista que acabaram por conduzir o país à 2ª Guerra Sino-Japonesa, no
final da década de trinta, e também à 2ª Guerra Mundial. Lamentavelmente, a
primeira estátua foi removida e derretida para contribuir no chamado “esforço
de guerra”, isto é, na produção de armamento durante a 2ª Guerra Mundial, em
Abril de 1944. No entanto, em 1948, uma réplica foi feita pelo filho do
escultor original, Takeshi Ando, e reintegrada no espaço original da anterior,
numa cerimónia em 15 de Agosto. Esta é a estátua que está hoje na estação de
Shibuya, e é um ponto de encontro extremamente famoso e popular. Todos os anos,
no dia 8 de Abril, é realizada uma cerimónia solene em homenagem à história do
cão leal. A lealdade dos cães de raça ´Akita´ já era conhecida pelo povo
japonês há muito tempo. Em algumas regiões do Japão, são incontáveis as
histórias de cães desta raça que perderam as suas vidas ao defenderem a vida
dos seus proprietários. Onde quer que estejam estes cães têm sempre um “dos
olhos” voltados para aqueles que deles cuidam. Por causa disso, o cão de raça
´Akita´ tornou-se património nacional do povo japonês, tendo sido proibida a
sua exportação. Se algum proprietário não tiver condições financeiras para
manter o seu ´Akita´, o Estado assume a sua guarda.
A.P.
A.P.
Cartaz do filme |
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