segunda-feira, setembro 14, 2020

De Tomar a Aljubarrota, Ribeira de Seiça como Margens de Fé no caminho da independência

Vamos começar o percurso da história pela via medieval que ligava Coimbra a Santarém e que passava por Tomar, passando pelas margens da Ribeira de Seiça, e passando pela ponte dos namorados na Corredoura e certamente pelo Castelo de Ourém.

A Carta de Foral é atribuída a Portus de Auren ou Portum Ouréns em 1142, incorporando a região como domínio de Portugal, em 1159, o Castelo é doado à Ordem dos Templários. Acredita-se, que a povoação mais primitiva se localizasse num dos vaus da ribeira de Seiça, provavelmente em algum ponto entre as atuais Sabacheira e  Seiça. 

Sabemos que D. Nuno Alvares Pereira, ou D. Nuno de Santa Maria, tomando a iniciativa de enfrentar as invasões castelhanas, a 10 de Agosto de 1385, acampou junto ao Rio Nabão, na zona de S.Lourenço, e que aí se juntou a ele o Mestre de Avis, O mesmo que haveria de ser rei de Portugal e que um ano antes tinha conquistado a Castela, o castelo e o povoado de Ourém, governado até então pelo irmão de D. Leonor Teles, o Conde de Barcelos D. João Afonso Telo de Menezes.

Mas também as tropas de D. Lopo Dias de Sousa, sétimo e último Mestre religioso, canónico, da Ordem de Cristo que, embora sobrinho de D. Leonor Teles, tomou partido do Mestre de Avis, levando os cavaleiros de Cristo a juntarem-se às hostes de D. Nuno Álvares Pereira e à milícia do Mestre de Avis, para defenderem a soberania portuguesa face às pretensões do rei de Castela.

Ora a ordem de Cristo, foi herdeira absoluta da ordem dos templários, por estratégia de D. Dinis que conseguiu contornar assim a Bula Papal de D. Clemente V, que determinava a extinção da Ordem dos Templários da Europa.

D. Dinis sabia da importância destes estrategas militares (e não só) para a defesa e expansão do território de Portugal.

Lembremo-nos que D. Dinis tinha oferecido o Castelo de Ourém a sua esposa a Rainha Santa Isabel.

D. Dinis protege os Templários, na verdade só muda o nome da ordem, os Cavaleiros do Templo, passam a ser os cavaleiros de Cristo.

E é a partir desta perícia militar e com um enorme conhecimento do território, na sua morfologia, aptidão, das vias de comunicação dos vales e dos montes e na forma como se ligam que D. Nuno de Santa Maria define a estratégia para alcance da independência, mas ele sabia que além de estratégia precisava de um milagre, dada a inferioridade numérica do exército português face ao de Castela! Já na presença de quem considerava rei, dirigiu-se para a Batalha.

Mas como qualquer estratega de xadrez sabe a rainha protege o rei… e o caminho que faz com as suas tropas pelas margens da ribeira de Seiça, acredito que tenha sido de fé e de súplica à rainha, ou não teria parado na Ermida de Santa Maria de Seiça, onde hoje é a Igreja matriz. Curiosamente com um púlpito oriundo da antiga Capela de S. Sebastião (Atouguia), onde o Santo Condestável pernoitou e certamente rezou no dia 11 de Agosto.

E a Rainha protegeu o Rei e legitimou-o bem como a independência de Portugal.

Quero com isto mostrar como o percurso de Tomar, capital dos Templários, está ligado a Ourém e à Batalha, pelas margens da ribeira de Seiça, bem como a entrega pela fé e devoção a Santa Maria.

Como não ligar através de caminhos de peregrinos de Fátima esta história? Se temos o altar do mundo a meio, como não criar albergues de peregrinos em Formigais, Seiça, S. Sebastião e até em Fátima.

Já agora, sabia que a Igreja de Seiça no século XIX acolheu um sino proveniente do Convento de Cristo em Tomar?


Anabela Henriques Pereira

Apoiante do MOVE





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