Vamos começar o percurso da história pela via medieval que ligava Coimbra a Santarém e que passava por Tomar, passando pelas margens da Ribeira de Seiça, e passando pela ponte dos namorados na Corredoura e certamente pelo Castelo de Ourém.
A
Carta de Foral é atribuída a Portus de Auren ou Portum Ouréns em 1142,
incorporando a região como domínio de Portugal, em 1159, o Castelo é doado à
Ordem dos Templários. Acredita-se, que a povoação mais primitiva se localizasse
num dos vaus da ribeira de Seiça, provavelmente em algum ponto entre as
atuais Sabacheira e Seiça.
Sabemos
que D. Nuno Alvares Pereira, ou D. Nuno de Santa Maria, tomando a iniciativa de
enfrentar as invasões castelhanas, a 10 de Agosto de 1385, acampou junto ao Rio
Nabão, na zona de S.Lourenço, e que aí se juntou a ele o Mestre de Avis, O mesmo que
haveria de ser rei de Portugal e que um ano antes tinha conquistado a Castela,
o castelo e o povoado de Ourém, governado até então pelo irmão de D. Leonor
Teles, o Conde de Barcelos D. João Afonso Telo de Menezes.
Mas também as tropas de D. Lopo Dias de Sousa, sétimo e último
Mestre religioso, canónico, da Ordem de Cristo que, embora sobrinho de D. Leonor
Teles, tomou partido do Mestre de Avis, levando os cavaleiros de Cristo a
juntarem-se às hostes de D. Nuno Álvares Pereira e à milícia do Mestre de Avis,
para defenderem a soberania portuguesa face às pretensões do rei de Castela.
Ora a ordem de Cristo, foi herdeira
absoluta da ordem dos templários, por estratégia de D. Dinis que conseguiu
contornar assim a Bula Papal de D. Clemente V, que determinava a extinção da
Ordem dos Templários da Europa.
D. Dinis sabia da importância destes
estrategas militares (e não só) para a defesa e expansão do território de
Portugal.
Lembremo-nos que D. Dinis tinha
oferecido o Castelo de Ourém a sua esposa a Rainha Santa Isabel.
D. Dinis protege os Templários, na
verdade só muda o nome da ordem, os Cavaleiros do Templo, passam a ser os
cavaleiros de Cristo.
E é a partir desta perícia militar e
com um enorme conhecimento do território, na sua morfologia, aptidão, das vias
de comunicação dos vales e dos montes e na forma como se ligam que D. Nuno de
Santa Maria define a estratégia para alcance da independência, mas ele sabia
que além de estratégia precisava de um milagre, dada a inferioridade numérica
do exército português face ao de Castela! Já na presença de quem considerava
rei, dirigiu-se para a Batalha.
Mas como qualquer estratega de xadrez
sabe a rainha protege o rei… e o caminho que faz com as suas tropas pelas
margens da ribeira de Seiça, acredito que tenha sido de fé e de súplica à
rainha, ou não teria parado na Ermida de Santa Maria de Seiça, onde hoje é a Igreja matriz.
Curiosamente com um púlpito oriundo da antiga Capela de S. Sebastião
(Atouguia), onde o Santo Condestável pernoitou e certamente rezou no dia 11 de
Agosto.
E a Rainha protegeu o
Rei e legitimou-o bem como a independência de Portugal.
Quero com isto mostrar
como o percurso de Tomar, capital dos Templários, está ligado a Ourém e à
Batalha, pelas margens da ribeira de Seiça, bem como a entrega pela fé e
devoção a Santa Maria.
Como não ligar através
de caminhos de peregrinos de Fátima esta história? Se temos o altar do mundo a
meio, como não criar albergues de peregrinos em Formigais, Seiça, S. Sebastião
e até em Fátima.
Já agora, sabia que a Igreja de Seiça no século XIX acolheu um sino proveniente do Convento de Cristo em Tomar?
Anabela Henriques
Pereira
Apoiante do MOVE
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