Quem traiu quem?
O texto que se segue foi publicado na Edição de 4 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Quem traiu quem?
Luís Albuquerque afirmou
por estes dias que não ganhou as eleições autárquicas “devido à concorrência de
Vítor Frazão, que desertou do PSD”, e que, “fruto dos jogos de bastidores”
ocorridos entre o PS e o MOVE, foi eleita para a presidência da assembleia municipal
uma pessoa que não tem legitimidade para exercer o cargo!
Antes de mais, convém
saber que Vítor Frazão não desertou na tropa, mesmo nos tempos do fascismo! Então,
por que seria agora desertor? Certo é que Vítor Frazão apresentou, à luz das
normas do PSD, a sua desfiliação às estruturas do partido, tanto a nível local
como nacional. Este facto era do conhecimento de Luís Albuquerque, não só porque
já era na altura presidente da concelhia e, por isso, soube em primeira mão, em
termos formais e oficiais, da desfiliação de Vítor Frazão, mas também porque este
teve a coragem de apresentar pessoalmente a sua desfiliação na sede nacional do
PSD, a membros da Comissão Nacional, e onde aquele também esteve presente. Ora,
uma afirmação destas revela falta de respeito para com Vítor Frazão, já que
este apenas exerceu um direito que lhe assiste. Denuncia até má-fé, pois houve
conhecimento oficioso deste facto e o que se pretendeu foi encobri-lo. Denuncia
ainda o desconhecimento sobre as normas do PSD, pois estas falam em
(des)filiação ou (des)militância e não em desertores. Ao que julgo saber, não
existem no MOVE terroristas e, se há aqui alguém que coabita mal com a
democracia, esse alguém não é Vítor Frazão
Depois, se se reconhece
que foi por causa de Vítor Frazão que Luís Albuquerque perdeu as eleições,
então isso já de si é motivo bastante para o respeitamos ainda mais e reconhecer-lhe
o mérito que granjeou junto do povo, que até votou nele e o elegeu. Isto leva ainda
à conclusão de que afinal não foi só o PSD que perdeu as eleições, mas sim uma
Coligação de dois partidos, o que constitui uma dupla vitória para o MOVE, mas
que se tenta a todo o custo escamotear. Façamos este exercício: se subtrairmos
ao resultado alcançado pela Coligação (9.027) o número de votos obtidos pelo
CDS-PP em 2009 (1.197), obtemos 7.830 votos potenciais para o PSD em 2013. Como
se sabe, o PSD concorreu sozinho nas eleições de 2009 e era liderado por Vítor
Frazão, tendo obtido 11.398 votos, mais do que os que foram alcançados pelo PSD
e CDS juntos em 2013. Tendo o MOVE conquistado 2.680 votos, se subtrairmos este
valor ao número de votos potenciais do PSD (7.830), obtemos uma diferença de 5.150
votos. Convenhamos que para um partido organizado e com muitos anos de
implantação como o PSD, esta diferença não é assim por aí além. É só fazer as
contas.
Finalmente, sobre os
alegados “jogos de bastidores”, refira-se que Vítor Frazão manteve conversações
com todas as forças políticas que o solicitaram, inclusive com Luís
Albuquerque, a quem propôs que se constituísse uma lista única e conjunta para
a eleição do presidente e secretários da mesa da assembleia municipal, que
incluísse quer João Moura, quer Deolinda Simões e Júlio Henriques, e cuja
resposta Vítor Frazão ainda hoje está à espera! Mas, esta proposta foi também analisada
entre o PSD e o PS. Por que não foi então posta em prática? Será que em
Caxarias e União das Freguesias de Freixianda, Ribeira do Fárrio e Formigais
não existiram “jogos de bastidores” envolvendo membros da Coligação? Ou o
princípio só se aplica ao MOVE? E Deolinda Simões não tem legitimidade para
exercer o cargo? Então, será que os anteriores presidentes da assembleia municipal
também foram eleitos de forma ilegal? Como raio se elegem afinal os presidentes
das assembleias municipais em Portugal? É ou não verdade que a lei decreta que
o presidente e os secretários da mesa são eleitos pelos membros deste órgão e
não mediante os resultados eleitorais? Também não constou por aí que elementos
do PSD votaram em Deolinda Simões? Mas, quem traiu quem?".
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