O povo agradece
O texto que se segue foi publicado na Edição de 27 de Junho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
O povo agradece
Ainda no âmbito da 1ª
Conferência subordinada ao tema “Que país teremos em 2020?”, e que trouxe ao
Auditório dos Paços do Concelho, no passado dia 2 de Junho, os Professores
Doutores Diogo Freitas do Amaral e Joel Hasse Ferreira, e bem assim o Dr. Telmo
Faria, ex-presidente da Câmara Municipal de Óbidos, é importante sublinhar aqui
o facto de – nessa conferência – se ter falado também dos quarenta anos de
democracia em Portugal, e de se terem traçado perspectivas para o
desenvolvimento futuro do nosso país, isto apesar de se concluir que é muito
difícil fazer futurologia quando se trata de pensar estrategicamente o país para
um período de dez ou quinze anos. De qualquer das maneiras, é difícil, mas não
impossível. Diria mesmo que é uma emergência cívica e nacional.
Na verdade, defendeu-se,
por unanimidade, que Portugal – mais do que ser comentado nas televisões
(muitas vezes de forma errática, pouco ambiciosa e capciosa) – carece de uma
verdadeira optimização dos seus recursos naturais e humanos, mas também de uma
profunda planificação estratégica nacional. Trata-se da recuperação da ideia do
planeamento económico a médio/longo prazo, da aposta em áreas através das quais
podemos alavancar a nossa economia, como sejam o turismo, a agricultura, a
indústria ou o mar.
Deste modo, complementarmente
a uma visão de futuro para o nosso país e ao fomento de uma verdadeira
diplomacia económica que nos valha a nível internacional, e que venda
eficazmente a imagem de Portugal aos investidores estrangeiros, passando por uma
aposta forte nas exportações, nomeadamente para a América Latina que é uma
região onde podemos ser competitivos, certo, certo é que urge que programemos o
nosso futuro no tal horizonte de dez ou quinze anos. Trata-se, com efeito, de
uma tarefa difícil, sabemo-lo todos, mas sem a qual continuaremos a adiar
indefinidamente o nosso futuro colectivo.
Paradoxalmente – ou
talvez não –, é chocante a forma como ainda tratamos esta questão como uma
“não-questão”! E não menos chocante é o facto de todos termos noção do remédio
eficaz para combater a maleita do país, e continuarmos a assobiar para o lado
como se a urgência de uma visão de futuro não fosse condição sine qua non para o progresso de
Portugal. E quando tudo me levava a crer que a resposta a esta inércia generalizada
estava na ambição e na irreverência dos nossos jovens, eis senão quando alguns “pardalitos”,
enraizados no conforto das “jotinhas” dos partidos e sob os auspícios do “lápis
azul” das lideranças, arrogando-se o exclusivo do exercício da cidadania,
começam a desancar nos mais velhos como se não houvesse amanhã, e como se não
tivessem ainda muita parede pela frente com que chocar, para aprender o que
custa a vida.
Neste contexto, e para
contrariar este estado larvar e esta tendência paralisante que se vive no nosso
país, Vítor Frazão, o vereador independente do MOVE – Movimento Ourém Vivo e
Empreendedor, recomendou, na reunião da Câmara Municipal do passado dia 3 de
Junho, a criação de um grupo de trabalho que reflicta o nosso concelho e o
planifique – em termos estratégicos – para o futuro, isto numa lógica de que a
planificação nacional depende sempre das mais-valias regionais e das
potencialidades locais (ou do contributo que as partes podem dar ao todo
nacional). Haja, por isso, o mínimo de justiça ao reconhecermos que estas e
outras iniciativas, perfeitamente datadas e documentadas, também são um
exercício pleno de cidadania. E haja também a coragem e a elegância política
para o reconhecer. O povo agradece".
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