O texto que se segue foi publicado na Edição de 18 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
O nosso castelo
Quando assumi funções
como secretário da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, Ourém,
defini alguns objectivos para o mandato que então se iniciava, e impus-me a
obrigação de tudo fazer para os concretizar. Não obstante, tendo a consciência
perfeita de que os tempos que vivemos são de crise e de contenção de despesas,
e mesmo apesar de esses objectivos estarem condicionados à partida, sempre
acreditei que era possível fazer alguma coisa e não ficar de braços cruzados
com o pretexto de que a junta de freguesia não tem dinheiro (ou tanto quanto
gostaria) para realizar aquilo que os cidadãos esperam de um executivo que
inicia funções. Relembro aqui alguns desses objectivos: 1. criar as condições necessárias
para a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade na junta de
freguesia; 2. pôr as novas tecnologias ao serviço das pessoas, designadamente
através da melhoria do site da junta, criação de Newsletter Electrónica e
Página de Facebook; 3. criar laços de proximidade e respeitar as pessoas; 4. dignificar
e valorizar o trabalho dos funcionários; 5. apoiar a saúde em benefício
daqueles que mais precisam; 6. dinamizar o associativismo, a juventude e o
desporto; 7. e contribuir para a preservação, divulgação e promoção do
património histórico-cultural da nossa freguesia.
De então para cá, o
trabalho que tenho desenvolvido na junta de freguesia tem ido ao encontro
daqueles objectivos. Apresentei, por isso, as seguintes propostas, todas
aprovadas por unanimidade: 1. passar a ser disponibilizada a todos os elementos
do executivo da junta uma cópia da Ordem do dia para a reunião a ter lugar;
2. Realizar reuniões
quinzenais, em virtude de apenas haver uma reunião mensal (pública);
3. realizar
rastreios semestrais à população da freguesia; 4. reformular o
site da junta e criar Página de Facebook e Newsletter Electrónica. Apresentei
ainda um Voto de Pesar pela morte do ex-futebolista Eusébio da Silva Ferreira e
uma Declaração de Voto relacionada com a aprovação do Orçamento e Plano de
Actividades para 2014, em relação aos quais votei favoravelmente por entender
que isso era o que melhor servia, neste momento, os interesses dos nossos
munícipes.
A par disto, propus ainda a
realização de reuniões quinzenais com os funcionários,
de modo a motivá-los e a integrá-los na gestão diária da junta. Apresentei
também, a título pessoal, um Voto de Louvor ao Clube Atlético Ouriense (CAO),
por se ter
sagrado Campeão Distrital da Divisão Principal do Distrito de Santarém, no ano
em que celebra os 65 Anos de existência, e outro Voto de Louvor em conjunto com
o restante executivo, também ao CAO, que visou
distinguir não só a Equipa de Futebol Feminina do Clube Atlético Ouriense, que
conquistou este ano dois importantes títulos a nível nacional, mas também pelo
facto de a Equipa de Futebol Masculina se ter sagrado Campeã Distrital da
Divisão Principal do Distrito de Santarém. Finalmente, é
importante registar que, tal como prometido e por proposta do MOVE (aprovada por
unanimidade), encontro-me a actualizar o site da junta de freguesia. Não
obstante, neste momento já se pode consultar uma série de informação e
documentos de utilidade para os nossos fregueses! Por outro lado, já se encontra
online a nova Newsletter da Freguesia (Nº 1 | Junho 2014), a qual, com uma
periodicidade trimestral, pretende constitui-se como um elemento adicional de
informação e comunicação da Junta de Freguesia com a comunidade onde se insere.
Finalmente, e por solicitação do Senhor Presidente da Junta de Freguesia,
encontro-me neste momento a preparar o processo de avaliação do desempenho dos
funcionários da junta de freguesia, nos termos da legislação aplicável. Julgo
que é com pequenos (mas firmes) passos como estes que se constrói no futuro um
castelo!".
O texto que se segue foi publicado na Edição de 11 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Actividade política 2
Deixo-vos hoje com três
documentos apresentados por Vítor Frazão na Câmara Municipal, na reunião do
passado dia 1 de Julho:
1. Declaração Política.
Na Assembleia Municipal do passado dia 27 de Junho, e a propósito da proposta
para retirar da Ordem de Trabalhos os pontos relacionados com as contas
consolidadas do ano económico de 2013 e os relatórios das contas do mesmo ano,
quer da Ourémviva, quer da Srufátima, foi dada a palavra aos líderes dos Grupos
Municipais do PS, PSD, CDS-PP e “Por Ourém” para se pronunciarem, ao passo que
o MOVE foi simplesmente “esquecido”. Perante tal facto, o vereador independente
do MOVE na Câmara Municipal afirmou não pactuar com esta situação, tanto mais
que este movimento é fruto dos resultados do último acto eleitoral autárquico,
sendo a terceira força política no concelho. Após reunião com a presidente da
Assembleia Municipal, que, com sentido de responsabilidade, respeito e
frontalidade, reiterou ter-se tratado de um lapso que não voltará a repetir-se,
o vereador Vítor Frazão lançou um repto ao senhor presidente da Câmara nos
seguintes termos: “senhor presidente da câmara, uma vez que foi consigo que
assinei o compromisso de governabilidade, quero deixar bem claro que, em termos
pessoais ou em reuniões da câmara ou fora delas, jamais me deixarei
subalternizar, e adianto firmemente que denunciarei de imediato o texto do
referido compromisso caso tais factos se voltem a repetir”.
2. Recomendação. Cada
vez mais há a necessidade de dar a conhecer as potencialidades do nosso
concelho, quer em termos religiosos, gastronómicos e histórico-patrimoniais,
quer no que diz respeito aos âmbitos etnográficos, musicais, fluviais,
paisagísticos ou de natureza. Neste sentido, Vítor Frazão recomendou, na
reunião da câmara do passado dia 1 de Julho, a criação de uma rede de
transportes pendulares entre Fátima e outros pontos turísticos do concelho, para
aproveitar, designadamente: a) os milhares de peregrinos e turistas que
demandam a Fátima nesta época; b) as férias estivais que agora começam; c) a
frota de mini-autocarros e de autocarros das diversas instituições concelhias
que, neste período, vêem diminuído o fluxo funcional e laboral; d) os inúmeros jovens
que, no período de férias, poderiam servir de guias, dando-se-lhes (para o
efeito) documentação e acções de formação; e) e ainda para aproveitar a
probabilidade de alguns condutores poderem vir a colaborar. De molde a combater
a sazonalidade, apoiar o comércio tradicional e divulgar o concelho, seria bom
que a câmara desse enfoque aos roteiros turísticos já existentes e pudesse
reunir com a ACISO, Escola Profissional/Insignare e representantes dos Hoteleiros
de Fátima, no sentido de se estabelecerem circuitos e horários e de se fazer a
sua divulgação.
3. Proposta. Sabe-se
que é através dos actos eleitorais que os cidadãos elegem os seus
representantes. Os cidadãos, no uso dos seus direitos democráticos, podem e
devem participar na vida autárquica do seu município, marcando presença nas
reuniões dos seus órgãos. A verdade, porém, é que são poucos os que se deslocam
ao edifício dos Paços do Concelho para aí assistirem às reuniões. Não obstante,
no contexto de uma gestão participativa, os eleitos têm também a obrigação de
irem ao encontro dos eleitores para auscultar as suas dificuldades, críticas,
sugestões e propostas. Foi neste sentido que Vítor Frazão propôs que a Câmara
Municipal, através dos seus serviços, calendarize, ainda no decorrer do
presente mandato, reuniões descentralizadas nas sedes das Juntas de Freguesia, e
que, por razões de organização e método, as planifique por ordem alfabética e
as faça coincidir com a primeira terça-feira de cada mês por se tratar da
reunião pública, ou ainda que seja dado conhecimento público deste calendário
através de Editais, Jornais, Rádio e Newsletter da Câmara Municipal".
O texto que se segue foi publicado na Edição de 4 de Julho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Quem traiu quem?
Luís Albuquerque afirmou
por estes dias que não ganhou as eleições autárquicas “devido à concorrência de
Vítor Frazão, que desertou do PSD”, e que, “fruto dos jogos de bastidores”
ocorridos entre o PS e o MOVE, foi eleita para a presidência da assembleia municipal
uma pessoa que não tem legitimidade para exercer o cargo!
Antes de mais, convém
saber que Vítor Frazão não desertou na tropa, mesmo nos tempos do fascismo! Então,
por que seria agora desertor? Certo é que Vítor Frazão apresentou, à luz das
normas do PSD, a sua desfiliação às estruturas do partido, tanto a nível local
como nacional. Este facto era do conhecimento de Luís Albuquerque, não só porque
já era na altura presidente da concelhia e, por isso, soube em primeira mão, em
termos formais e oficiais, da desfiliação de Vítor Frazão, mas também porque este
teve a coragem de apresentar pessoalmente a sua desfiliação na sede nacional do
PSD, a membros da Comissão Nacional, e onde aquele também esteve presente. Ora,
uma afirmação destas revela falta de respeito para com Vítor Frazão, já que
este apenas exerceu um direito que lhe assiste. Denuncia até má-fé, pois houve
conhecimento oficioso deste facto e o que se pretendeu foi encobri-lo. Denuncia
ainda o desconhecimento sobre as normas do PSD, pois estas falam em
(des)filiação ou (des)militância e não em desertores. Ao que julgo saber, não
existem no MOVE terroristas e, se há aqui alguém que coabita mal com a
democracia, esse alguém não é Vítor Frazão
Depois, se se reconhece
que foi por causa de Vítor Frazão que Luís Albuquerque perdeu as eleições,
então isso já de si é motivo bastante para o respeitamos ainda mais e reconhecer-lhe
o mérito que granjeou junto do povo, que até votou nele e o elegeu. Isto leva ainda
à conclusão de que afinal não foi só o PSD que perdeu as eleições, mas sim uma
Coligação de dois partidos, o que constitui uma dupla vitória para o MOVE, mas
que se tenta a todo o custo escamotear. Façamos este exercício: se subtrairmos
ao resultado alcançado pela Coligação (9.027) o número de votos obtidos pelo
CDS-PP em 2009 (1.197), obtemos 7.830 votos potenciais para o PSD em 2013. Como
se sabe, o PSD concorreu sozinho nas eleições de 2009 e era liderado por Vítor
Frazão, tendo obtido 11.398 votos, mais do que os que foram alcançados pelo PSD
e CDS juntos em 2013. Tendo o MOVE conquistado 2.680 votos, se subtrairmos este
valor ao número de votos potenciais do PSD (7.830), obtemos uma diferença de 5.150
votos. Convenhamos que para um partido organizado e com muitos anos de
implantação como o PSD, esta diferença não é assim por aí além. É só fazer as
contas.
Finalmente, sobre os
alegados “jogos de bastidores”, refira-se que Vítor Frazão manteve conversações
com todas as forças políticas que o solicitaram, inclusive com Luís
Albuquerque, a quem propôs que se constituísse uma lista única e conjunta para
a eleição do presidente e secretários da mesa da assembleia municipal, que
incluísse quer João Moura, quer Deolinda Simões e Júlio Henriques, e cuja
resposta Vítor Frazão ainda hoje está à espera! Mas, esta proposta foi também analisada
entre o PSD e o PS. Por que não foi então posta em prática? Será que em
Caxarias e União das Freguesias de Freixianda, Ribeira do Fárrio e Formigais
não existiram “jogos de bastidores” envolvendo membros da Coligação? Ou o
princípio só se aplica ao MOVE? E Deolinda Simões não tem legitimidade para
exercer o cargo? Então, será que os anteriores presidentes da assembleia municipal
também foram eleitos de forma ilegal? Como raio se elegem afinal os presidentes
das assembleias municipais em Portugal? É ou não verdade que a lei decreta que
o presidente e os secretários da mesa são eleitos pelos membros deste órgão e
não mediante os resultados eleitorais? Também não constou por aí que elementos
do PSD votaram em Deolinda Simões? Mas, quem traiu quem?".
O texto que se segue foi publicado na Edição de 27 de Junho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
O povo agradece
Ainda no âmbito da 1ª
Conferência subordinada ao tema “Que país teremos em 2020?”, e que trouxe ao
Auditório dos Paços do Concelho, no passado dia 2 de Junho, os Professores
Doutores Diogo Freitas do Amaral e Joel Hasse Ferreira, e bem assim o Dr. Telmo
Faria, ex-presidente da Câmara Municipal de Óbidos, é importante sublinhar aqui
o facto de – nessa conferência – se ter falado também dos quarenta anos de
democracia em Portugal, e de se terem traçado perspectivas para o
desenvolvimento futuro do nosso país, isto apesar de se concluir que é muito
difícil fazer futurologia quando se trata de pensar estrategicamente o país para
um período de dez ou quinze anos. De qualquer das maneiras, é difícil, mas não
impossível. Diria mesmo que é uma emergência cívica e nacional.
Na verdade, defendeu-se,
por unanimidade, que Portugal – mais do que ser comentado nas televisões
(muitas vezes de forma errática, pouco ambiciosa e capciosa) – carece de uma
verdadeira optimização dos seus recursos naturais e humanos, mas também de uma
profunda planificação estratégica nacional. Trata-se da recuperação da ideia do
planeamento económico a médio/longo prazo, da aposta em áreas através das quais
podemos alavancar a nossa economia, como sejam o turismo, a agricultura, a
indústria ou o mar.
Deste modo, complementarmente
a uma visão de futuro para o nosso país e ao fomento de uma verdadeira
diplomacia económica que nos valha a nível internacional, e que venda
eficazmente a imagem de Portugal aos investidores estrangeiros, passando por uma
aposta forte nas exportações, nomeadamente para a América Latina que é uma
região onde podemos ser competitivos, certo, certo é que urge que programemos o
nosso futuro no tal horizonte de dez ou quinze anos. Trata-se, com efeito, de
uma tarefa difícil, sabemo-lo todos, mas sem a qual continuaremos a adiar
indefinidamente o nosso futuro colectivo.
Paradoxalmente – ou
talvez não –, é chocante a forma como ainda tratamos esta questão como uma
“não-questão”! E não menos chocante é o facto de todos termos noção do remédio
eficaz para combater a maleita do país, e continuarmos a assobiar para o lado
como se a urgência de uma visão de futuro não fosse condição sine qua non para o progresso de
Portugal. E quando tudo me levava a crer que a resposta a esta inércia generalizada
estava na ambição e na irreverência dos nossos jovens, eis senão quando alguns “pardalitos”,
enraizados no conforto das “jotinhas” dos partidos e sob os auspícios do “lápis
azul” das lideranças, arrogando-se o exclusivo do exercício da cidadania,
começam a desancar nos mais velhos como se não houvesse amanhã, e como se não
tivessem ainda muita parede pela frente com que chocar, para aprender o que
custa a vida.
Neste contexto, e para
contrariar este estado larvar e esta tendência paralisante que se vive no nosso
país, Vítor Frazão, o vereador independente do MOVE – Movimento Ourém Vivo e
Empreendedor, recomendou, na reunião da Câmara Municipal do passado dia 3 de
Junho, a criação de um grupo de trabalho que reflicta o nosso concelho e o
planifique – em termos estratégicos – para o futuro, isto numa lógica de que a
planificação nacional depende sempre das mais-valias regionais e das
potencialidades locais (ou do contributo que as partes podem dar ao todo
nacional). Haja, por isso, o mínimo de justiça ao reconhecermos que estas e
outras iniciativas, perfeitamente datadas e documentadas, também são um
exercício pleno de cidadania. E haja também a coragem e a elegância política
para o reconhecer. O povo agradece".
O texto que se segue foi publicado na Edição de 20 de Junho de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Emergência cívica
Decorreu no passado dia
2 do corrente a 1ª Conferência subordinada ao tema “Que país teremos em 2020?”,
enquadrada na passagem dos quarenta anos sobre o 25 de Abril, um debate
intergeracional que pretendeu dar pistas e encontrar soluções para o futuro de
Portugal, trazendo ao Auditório dos Paços do Concelho uma vasta plateia que se
revelou atenta e participativa, e que teve como oradores convidados os
Professores Doutores Diogo Freitas do Amaral e Joel Hasse Ferreira, para além do
Dr. Telmo Faria, ex-presidente da Câmara Municipal de Óbidos. Não posso deixar
de salientar a importância e a actualidade do tema desta conferência, que nos
remete para uma questão “simples” mas crucial: o que queremos afinal para nós,
em termos nacionais e europeus? O que queremos ser, enquanto país, daqui a dez
ou quinze anos?
Um dos temas abordados
pelo ilustre painel de oradores teve a ver com o novo quadro
político-institucional decorrente das recentes eleições europeias, mormente a
“invasão” da extrema-direita na Europa, fenómeno que começa a alastrar e a ganhar
cada vez mais expressão no “Velho Continente”, e que reflecte, designadamente,
a também crescente descredibilização dos partidos políticos, o seu
distanciamento em relação às pessoas e, por via disso, o facto de os europeus,
mas também os portugueses, se reverem cada vez mais nas pessoas e não nos
partidos. Assim se explica, no caso português, a emergência dos movimentos de
cidadãos, como o Movimento Partido da Terra (MPT) e o seu cabeça de lista, Dr.
Marinho Pinto, o qual foi a quarta força política mais votada em Portugal
(elegendo dois deputados) e a terceira no concelho de Ourém, onde obteve 6,51%
dos votos (na freguesia de Nossa Senhora da Piedade obteve 7,92%).
Façamos um pequeno
exercício comparativo para ilustrar um tema recorrente nesta “Coluna do Meio”,
ao qual algumas pessoas chamaram, imprópria e inadvertidamente, “epifenómeno”,
e que se prende com a ascensão dos movimentos de cidadãos à vida política,
enquanto alternativa credível aos partidos. Em Ourém, como é do conhecimento de
todos, essa ascensão foi protagonizada, de forma retumbante e categórica, pelo
MOVE – Movimento Ourém Vivo e Empreendedor, liderado por Vítor Frazão, tendo
arrebatado 11,39% dos votos nas últimas eleições autárquicas. Significa isto
que, quer o MPT de Marinho Pinto, quer o MOVE de Vítor Frazão, têm hoje um
papel preponderante nas sociedades europeia e portuguesa, não só para
contrariar a perda de confiança dos cidadãos em relação à política, mas também
para criar uma nova dinâmica de participação social nas decisões que a todos
dizem respeito. A bem da democracia, esta é uma emergência cívica que urge
consolidar.
Nota de Rodapé: Não
quero, porém, terminar o texto desta semana sem dizer que as expectativas eram
grandes há um ano, quando as páginas deste honroso jornal pariram (tecnicamente
parece ser o termo mais correcto) esta nova coluna de opinião, que se tornou na
“Coluna do Meio” por duas simples mas importantes razões: a primeira, porque as
colunas da esquerda e da direita já se encontravam ocupadas; a segunda, porque
costuma-se dizer que é no meio que está a virtude. Facto é que já lá vai um ano
– como o tempo passa, parece que foi ontem –, e, à boleia, também celebramos
hoje o texto número cinquenta. Se há um ano um dos objectivos desta coluna de
reflexão era ser construtiva, descomprometida e independente, com um olhar
crítico sobre o nosso concelho nas suas múltiplas vertentes e baseado na firme convicção
de que todos nós podemos contribuir com alguma coisa, por mais insignificante
que seja, para o bem-estar do nosso concelho e das suas gentes, se isto foi
verdade há um ano, certo é que, por maioria de razão, continua a ser assim
ainda hoje. Vale pois a pena continuar".
O texto que se segue foi publicado na Edição de 30 de Maio de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Uma questão de justiça
Esta semana, as
primeiras palavras vão direitinhas para o Clube Atlético Ouriense, não só por
se ter sagrado Campeão Distrital da Divisão Principal do Distrito de Santarém (motivo
que me levou, aliás, a apresentar oportunamente na Junta de Freguesia de Nossa
Senhora da Piedade um Voto de Louvor que foi aprovado por unanimidade), um
Atlético campeão precisamente no ano em que celebra os 65 anos de existência,
mas também por a equipa de futebol feminino se ter sagrado, no passado Domingo,
também ela, campeã nacional pelo segundo ano consecutivo, e que no próximo dia
7 de Junho irá disputar com a equipa do Futebol Benfica, no Jamor, a Final da
Taça de Portugal. Estão de parabéns, portanto, todos os protagonistas, em
especial direcção, jogadores, equipa técnica, familiares e adeptos, por terem
mais uma vez dignificado e elevado bem alto o nome de Ourém.
Este é, pois, um motivo
de enorme orgulho para nós enquanto oureenses. Pela minha parte, na pele de
secretário da junta com o pelouro da educação e ensino e do apoio a iniciativas
de carácter cultural e desportivo, sinto-me duplamente feliz: desde logo,
porque é um clube da minha freguesia, mas também porque é um clube que me
habituei desde pequeno a ouvir falar, e que me faz recordar as conversas em
casa sobre histórias, hoje com mais de cinquenta anos, como aquela das meninas que
se engalanavam todas com as cores do Atlético para vibrarem, por exemplo, nos
jogos de hóquei, ou para servirem chá e bolinhos aos craques da época nas
festas que resplandeciam na então denominada Vila Nova de Ourém.
Hoje, os tempos são
outros, muito diferentes, e as circunstâncias que atravessamos não nos deixam
margem para dúvidas. As recentes eleições europeias são exemplo disso mesmo, no
que se refere, por exemplo, à taxa de abstenção, a mais alta desde há quarenta
anos, os mesmos que dura a democracia. Na freguesia de Nossa Senhora da
Piedade, a taxa de abstenção cifrou-se nos 67,62%, um número astronómico que
revela não só que as pessoas acreditam cada vez menos nos políticos, o que
contribui objectivamente para a descredibilização da política, mas também que
há um distanciamento cada vez maior dos cidadãos em relação aos seus eleitos.
É, por isso, que se fala na crescente falta de representatividade social dos
partidos políticos, na sua perda de legitimidade, pois estes já pouco ou nada
espelham a sociedade para a qual se deviam dirigir em primeiro lugar, e já
pouco ou nada têm de criativo, inovador e que reflicta os anseios e as
expectativas dos cidadãos.
O fenómeno da
emigração, sobretudo entre as camadas mais jovens, é um pouco sintomático desta
nova tendência. Não porque fossem convidados a emigrar, mas talvez porque
deixaram de acreditar e de se rever nas lideranças políticas, milhares de
jovens (e menos jovens) portugueses têm rumado a outras paragens para aí encontrarem
melhores condições de vida e viverem as oportunidades que o seu próprio país
lhes tem negado. Os nossos emigrantes, em particular os oureenses, espalhados
pelos quatro cantos do mundo, tornaram-se reconhecidos pela sua capacidade e
seriedade laborais, integrando-se com êxito em todas as comunidades,
divulgando, como autênticos embaixadores, a sua Terra Natal, enriquecendo e
desenvolvendo Portugal com o envio das suas economias. Foi neste contexto, em
honra de todos os emigrantes oureenses, que o vereador Vítor Frazão propôs, na
reunião de Câmara do passado dia 6 de Maio, e sob os auspícios da Câmara
Municipal de Ourém, a criação de uma comissão que lance um concurso de ideias,
aberto a todos os oureenses, e, desta forma, se possa vir a erigir em local
nobre um monumento ao emigrante. Tal como ao Atlético, também esta homenagem
aos nossos emigrantes é a todos os títulos justa".
O texto que se segue foi publicado na Edição de 23 de Maio de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Folhas Soltas
O título do texto desta
semana – “Folhas Soltas” – poderia muito bem ser um título de um livro, mas, ao
invés, tem a ver com os meus tempos na Escola Secundária de Ourém e com aquele
ano em que o professor Manuel Dias, de Jornalismo, incentivou toda a turma a
criar o jornal do liceu. Vai daí, eu, o Valentim Silva, o Jorge Neto, o Luís Filipe
Cabral e o Paulo Gonçalves desenvolvemos um trabalho de grupo (10º Ano, turma
D1, ano lectivo de 1987-1988) e criámos o “Folhas Soltas”, uma brochura
artesanal e minimalista (cujo único exemplar, presumo, fui descobrir nos
confins do meu arquivo), criada a partir de folhas A4, previamente
dactilografadas em máquinas de escrever de teclado “AZERT”, depois recortadas e
coladas em folhas de tamanho A3, para finalmente serem fotocopiadas e distribuídas
por todo o liceu. Esta miscelânea de técnicas e colagens, e de criatividade,
deu origem ao Jornal “Folhas Soltas” e valeu, pelo menos para mim, uma nota bastante
razoável no final do ano. Aqui ficam, resumidamente, duas das notícias que por
lá apareceram naquele ano de 1988.
1. «Estudantes
universitários sabem mal português, indica um estudo sobre recém-chegados às
universidades. Segundo um recente inquérito efectuado pelo sindicato dos
professores na cidade de Setúbal, os mais de mil alunos inquiridos não
atingiram o nível mínimo exigível após 12 anos de escolaridade, no que se
refere ao domínio da expressão escrita. Este estudo baseia-se num inquérito a 1412
alunos do primeiro ano de 14 instituições do ensino superior de 12 cidades do
país, todos com cadeiras na área linguística. Os alunos tratados pertencem ao
conjunto dos que conseguiram entrar no ensino superior – presumivelmente estão
entre os que obtiveram maior sucesso no ensino secundário. As perguntas
incidiram sobre áreas consagradas nos programas de português do ciclo
preparatório e secundário, mas, mesmo assim, verifica-se que os alunos não
reconhecem unidades, nem tipos de construção, como pronomes relativos e orações
relativas. Os resultados do inquérito parecem mostrar que não se atingiu um
domínio da língua que permita reflectir sobre ela ou analisá-la. A maior parte
dos alunos não achou o inquérito particularmente difícil e 58 por cento classificaram-no
de dificuldade média, enquanto 21 por cento de grande dificuldade. As regiões
do país que maiores percentagens conseguiram nos testes foram Coimbra
(Faculdade de Letras) e Aveiro (Universidade) com 61,4 e 60,9 por cento,
respectivamente. Mais abaixo ficou Lisboa (Faculdade de Letras e Universidade
Nova) com 55,7 por cento. Perante estes resultados, ocorre perguntar: foram os
conteúdos programáticos cumpridos durante os 12 anos de escolaridade? O que é que
falhou na relação ensino-aprendizagem a que seja imputável o “esquecimento” de
conceitos básicos sobre a língua? (este trabalho foi realizado com base numa
notícia do “Diário de Notícias”)».
2. «A criminalidade em
Portugal. O crime já se torna hábito da vida em sociedade, do dia-a-dia de cada
povo, de cada nação. Também em Portugal o crime se desenvolve de forma
semelhante a outros países europeus. Mas, de certa forma, não podemos negar que
os há, mas também não podemos afirmar que Portugal se equipare a outros países.
Podemos dizer que no nosso país o crime mantém-se pelas pequenas zangas
familiares, ou seja, assuntos de pouco interesse e comuns a todas as
sociedades. É certo que crimes acontecem, temos aí um exemplo recente e
marcante, evidenciando a violência que existe nas pessoas: o caso do Osso da
Baleia, violento e até mortal. Todos nós seguimos este trágico incidente com
muito interesse, não por se tratar de mais um mero problema para a história
deste país, mas sim pelo seu “preço”, pela sua grande preocupação, que marcará
certamente durante muitos anos a vida de todos nós. Quando um homem mata 7
pessoas e é condenado a menos de três anos por cada vida ceifada, algo não
corre de feição…»".