A pedagogia na assembleia
O texto que se segue foi publicado na Edição de 22 de Novembro de 2013 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
A pedagogia na assembleia
Na passada
segunda-feira, dia 18, fui assistir à reunião extraordinária da Assembleia
Municipal para me inteirar do modo como decorreriam os trabalhos. Mas, impus-me
à partida basear em critérios racionais, imparciais e justos quaisquer juízos
de valor que pudesse vir a formular no âmbito daquela minha tão esperada “incursão
municipal”. Ora, é isso que procurarei reproduzir no texto desta semana.
A primeira constatação
que gostaria de deixar aqui expressa diz respeito à ausência notória de algumas
forças vivas e dilacerantes da nossa praça, as quais, nas últimas semanas, têm
sucumbido à tentação de atacar violentamente aqueles que, por direito próprio e
com a chancela do voto popular, representam hoje 11% do eleitorado oureense.
Muitos destes profetas da desgraça (senão mesmo todos) abstiveram-se de estar
presentes, perdendo assim uma excelente oportunidade de mostrarem a cara e
contra proporem naquele que é, por excelência, o órgão deliberativo do
município, o qual é composto pelos membros representativos dos respectivos
munícipes, eleitos directamente para este órgão, e pelos presidentes de Junta
de Freguesia, cujo mandato visa a salvaguarda dos interesses municipais e a promoção
do bem-estar da população (artº 3º do Regimento da Assembleia Municipal, versão
2009-2013). Ressalvado o efeito da hora em que se realizou a referida reunião
(16h00), a verdade, porém, é que não vi nenhuma daquelas excelências dar o
corpo ao manifesto.
A segunda constatação
que me apraz registar diz respeito à serenidade e à pedagogia que o líder do
Grupo Municipal do MOVE, Dr. Júlio Henriques (embora não tendo sido o único),
imprimiu nas suas diversas intervenções. Com efeito – e dispensando-me de tecer
pormenorizações sobre as temáticas abordadas (que podem ser sempre lidas quando
a acta da reunião for disponibilizada) –, pude verificar que o Dr. Júlio
Henriques evidenciou não só conhecimento dos dossiers, como ainda foi
absolutamente transparente, construtivo e pedagógico ao ter salientado,
nomeadamente, a necessidade de os serviços da autarquia tomarem maior atenção
na redacção dos documentos oficiais submetidos à apreciação da digníssima
assembleia, mais concretamente ao nível das remissões para a legislação
aplicável (o que acontece é que, não raras vezes, a documentação faz remissões
para legislação diversa da supostamente aplicável, quando não mesmo para
legislação inexistente).
Por outro lado,
permitam-me que faça ainda notar um facto já amplamente escalpelizado na praça
pública, e que tem a ver com as dimensões relativamente reduzidas do auditório
onde decorrem as reuniões da Assembleia Municipal. Recorde-se que este
auditório está situado no novo edifício dos Paços do Concelho, uma obra relativamente
recente e arquitectada de raiz, mas que é efectivamente de dimensões pequenas,
exageradamente pequenas. Dir-me-ão: mas, é quanto baste! E eu contraponho
dizendo: pois, mas tudo depende da visão que temos do futuro, e tanto assim é
que “a visão sem acção é uma fantasia, e a acção sem visão é um pesadelo” (Dave
Lakhani).
A terminar, e em jeito
de síntese, dizer-vos apenas que fiquei, genericamente, satisfeito com a forma
como os trabalhos da última reunião da Assembleia Municipal se desenrolaram, e
com a atitude evidenciada pelos deputados municipais, a qual abonou a favor da
dignificação daquele órgão (independentemente das “trocas de mimos” habituais e
que fazem parte do “jogo democrático”). Julgo que, para isso, muito contribuiu o
papel sério e construtivo, mas também pedagógico, do Grupo Municipal do MOVE".
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