Sustentabilidade
é um conceito amplamente utilizado, no entanto, nem sempre é entendido
profundamente o seu significado.
A
definição de sustentabilidade mais difundida é a qual considera que o
desenvolvimento sustentável deve satisfazer as necessidades da geração presente
sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Naturalmente, não podemos
falar de sustentabilidade sem uma visão de longo prazo, uma vez que os
interesses das futuras gerações devem ser acautelados.
Olhar o
concelho de Ourém, nos seus recursos ambientais, sociais com uma economia que
permita satisfazer a sua população ao longo do tempo é um exercício de gestão
comprometida e responsável com o presente e com o futuro.
Somos,
enquanto ourienses bafejados pelo milagre de Nossa Senhora de Fátima, um altar
do mundo religioso, herdeiros de um património geomorfologico riquíssimo, uma
imensa diversidade paisagística e ambiental, recursos hídricos em abundância,
com excepção da zona da serra, gentes de fibra, que sabe trabalhar, adaptar-se,
procurar sempre o melhor.
O
território influencia o ser humano e é influenciado por este, creio que nos
falta uma identidade própria enquanto concelho, que seja unificador, uma marca,
uma estratégia de promoção concelhia, que potencie a diversidade do território,
será pois muito importante criar corredores de conectividade entre as práticas
e actividades das diversas áreas do território concelhio, onde todos se sintam
integrados, ativos numa projeção interna e externa.
A
diversidade paisagística, ambiental, cultural, de setores de atividade é
enorme! O que dificulta o sentimento de unidade, precisamos por isso de criar
sinergias, complementaridades, que nos completem e que nos unam.
O
fenómeno que é Fátima em termos religiosos, deve ser um eixo para o
desenvolvimento sustentado, sabemos que não tem sido necessária nenhuma
estratégia de dinâmica turística concertada para atrair a enorme afluência de
peregrinos motivados pelo apelo da fé, no entanto esta pandemia veio demonstrar
o quanto pode ser frágil um setor da economia, quando apenas entregue à fé e ao
hábito. Prever cenários de imprevisto, e definir estratégias face a esses
cenários, previne estas situações. Há que dinamizar o turismo de Fátima,
aumentando o leque de atividades sócio-culturais, ampliando os interesses dos
visitantes a todo o território do concelho. Implementar em Fátima um
Politécnico de ciências sociais e humanistas e de estudos Teológicos.
Um outro
eixo de acção a agricultura é floresta, desde a exploração até à transformação.
Temos assistido no nosso concelho a algumas iniciativas de jovens que se estão
a afirmar e muito bem como produtores locais, nacionais e com exportação de
frutos, nomeadamente frutos vermelhos a eles os nossos parabéns, não obstante a
criação de uma rede de produtores, e de mecanismos concertados de escoamento de
produtos seria uma enorme mais-valia.
A
implementação de árvores e arbustos ao longo das linhas de água e ribeiras do
concelho, aumentando a riqueza ecológica, definir ao longo destas margens,
sempre que possível, os caminhos de Fátima, criando corredores naturais de
passagem de flora e fauna, melhorando a qualidade da água e criando,
naturalmente, barreiras à propagação dos fogos.
Hoje o
vime, quase não existe no concelho, seria muito pertinente a exploração do vime
e a implementação da cestaria tradicional, cada vez com mais procura e que já
foi uma atividade artesanal tão enraizada na nossa terra.
A
floresta de monocultura de resinosas, embora possa parecer mais rentável numa
primeira fase, é um bom exemplo de como não ser sustentável, hipotecando os
recursos das gerações vindouras, com prejuízos incalculáveis: a perda da qualidade
e da quantidade do solo, perda da disponibilidade hídrica, perda da
biodiversidade e os inevitáveis e temidos incêndios!
Observemos
qual o tipo de floresta que queremos ter daqui a 50 anos, o que será do espaço
e do ambiente? O que podemos e devemos fazer, tem de ser agora!
Lembremos
a excelência do mobiliário do concelho, tenhamos a coragem de investir nele com
orgulho para o tornarmos vivo no tempo, sustentável.
Falamos
de sustentabilidade, sabemos que a água será o grande fator limitante, sabemos
agora que não é um recurso inesgotável, a essência da vida, deve ser usada com
inteligência, eficiência, deve haver uma estratégia de monitorização e gestão
da água no concelho, nomeadamente da exploração da água subterrânea por meio de
poços e furos.
Deve
haver ainda um reaproveitamento das águas pluviais, nomeadamente através de
bacias de retenção que possas servir para aumentar a infiltração diminuir as
cheias possibilitar a criação zonas húmidas com interesse ambiental.
Saibamos
nós olhar com orgulho para o que é nosso e preferir comprar/investir cá e o de
cá! Libertando o preconceito da falta de auto-estima enquanto membros desta
comunidade e unidade concelhia tão multifacetada!
Saibamos
olhar para o vizinho da freguesia do lado, da empresa do lado, da casa do lado
e alegrarmo-nos com o seu sucesso e no que nos for possível contribuir para
ele.
Saibamos
nós olhar para os nossos antepassados e honrar a forma sustentável e criativa
com que geriram a sua vida e nos fizeram chegar aqui.
Saibamos
nós olhar para os nossos filhos e para os nossos netos com respeito, sabendo
que se lhe deixarmos peixes no rio eles saberão pescar!
Anabela
Henriques Pereira
Apoiante
do MOVE