Apenas uns breves
comentários em relação a dois temas que têm sido discutidos ao longo das
últimas semanas, um sobre a co-adopção e o outro sobre as praxes académicas.
a) A respeito deste
último, e para começo de conversa, devo dizer que as praxes académicas nunca me
seduziram, e, talvez por isso, nunca tenha sido “praxado” nem no liceu, nem na
universidade. Se, no liceu tinha o “chapéu protector” do irmão mais velho, já
na universidade tive que me virar sozinho. Como? Simplesmente faltando à
primeira semana de aulas. Mais tarde assisti,
porém, a algumas praxes, o que me reforçou ainda mais a ideia de que aquilo
seria uma forma completamente “pateta” de fazer a integração de um aluno numa
universidade. Por comparação ao sector empresarial, dizia-se há dias, e com
razão, que, por essa ordem de ideias, qualquer processo de integração de um
novo trabalhador numa empresa teria forçosamente que obedecer a este “ritual”.
É também por isso que
os acontecimentos da praia do Meco vieram adensar ainda mais a minha desconfiança.
Vêm depois as excepções, com a Universidade de Coimbra à cabeça a reclamar o
estatuto de “cidade secular da praxe”, e onde os rituais académicos, por serem
tão ancestrais, devem permanecer intocáveis. Este tema lembra-me um outro, o
das touradas de morte, e as “excepções de Barrancos”, e depois outros e ainda
outros… numa roda que nunca mais acaba.
b) Em relação ao referendo
sobre a co-adopção, devo dizer que não fiquei particularmente satisfeito ao ver
a Deputada social-democrata e fatimense, Carina João, a votar favoravelmente na
Assembleia da República a proposta de referendo sobre esta temática, ainda que
acompanhada de uma declaração de voto justificativa dessa sua tomada de
posição.
Talvez valha a pena
recordar que os deputados exercem livremente o seu mandato (nº 1 do artº 155º
da Constituição da República Portuguesa), pelo que me choca tremendamente que
os partidos políticos imponham aos seus deputados disciplina de voto em
matérias do foro individual e da consciência de cada um, como o são aquelas que
dizem respeito à co-adopção. E mais, choca-me ainda que os deputados sirvam
apenas para desempenhar o papel de meras “correias de transmissão”. Encaro o
papel de deputado como devendo obediência às grandes linhas do partido através
do qual foram eleitos (como acontece, por exemplo, nas votações do orçamento),
mas isso não pode obstaculizar a que os deputados pensem por si, pelas suas
cabeças e com a sua consciência, em matérias de que a co-adoção é apenas um
exemplo.
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