Esta pequenina história é sobre o dia em que conheci pela primeira vez o Dr. Vítor Frazão. Todos nós temos as nossas lembranças, e esta – bem a propósito –, constitui para mim uma delas. O curioso, é que ele até hoje não faz a mínima ideia de quando e como foi esse encontro, que até hoje me marcou, e é por isso que eu hoje decidi partilhá-la aqui convosco.
Corria o ano de 1978 e, nessa altura, para qualquer menino ou menina do concelho de Ourém, estudar em
Fátima, no Colégio de São Miguel, era sinónimo e uma referência de qualidade – e
ainda hoje o é, como todos sabemos.
Não tive a sorte, porém, de o frequentar,
mas nem por isso deixei de estudar em boas escolas e ter professores igualmente
dedicados e competentes a ensinar.
A história passou-se, em parte, com o meu
irmão, três anos mais velho, e, esse sim, foi um dos privilegiados de por lá ter
passado.
Certo dia daquele ano, que não sei precisar, dou por mim com toda a
família a caminho de Fátima, num grande reboliço e numa enorme ansiedade,
porque era chegado o dia de matricular o Armando no Colégio.
Já à entrada, uma
das imagens marcantes que retive foi o brilho do chão impecavelmente lavado,
que reflectia tudo quanto ali passasse. Senti o silêncio do ambiente e a ordem
que o envolvia, o que, para um miúdo de apenas sete anos, me transmitiu uma
sensação não só intimidante, mas ao mesmo tempo reconfortante. Era como se
tivéssemos entrado num local de culto e verdadeiramente enigmático.
Devagar,
para não escorregarmos naquele piso imaculado, dirigimo-nos ao que presumo ter
sido a secretaria, não sem antes um cavalheiro, muito educado, nos ter
gentilmente indicado o caminho.
Depois de tratarmos de todos os assuntos que ali nos haviam levado, e já à saída, toda aquela calma do Colégio apenas
foi “interrompida” com os passos de uma professora, que parecia deslizar
naquele soalho brilhante e encerado, e que se dirigia para a sala de aulas onde
os alunos já a esperavam. Pela fresta da porta, retenho na memória
aquele momento em que todos os alunos, de forma coordenada, se levantaram e, num
coro impecavelmente sincronizado, exclamaram: “Good Morning Madam”!
Por mais que o tempo passe pela minha memória, nunca hei-de esquecer aquele senhor extremamente simpático e gentil que nos deu as boas-vindas, nem aquela professora de inglês que parecia deslizar naquele soalho brilhante e encerado...
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