Na verdade, quando se afirma que o manifesto enviado para São Bento, com cópia de conhecimento para Belém, é um ultimato ao Governo exigindo a sua demissão, seria bom que os defensores deste ponto de vista atentassem no que se escreve no documento: "[...] Perante estes factos, os signatários interpretam - e justamente - o crescente clamor que contra o Governo se ergue, como uma exigência, para que o Senhor Primeiro-Ministro altere, urgentemente, as opções políticas que vem seguindo, sob pena de, pelo interesse nacional, ser seu dever retirar as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão ao Senhor Presidente da República, poupando assim o País e os Portugueses ainda a mais graves e imprevisíveis consequências. É indispensável mudar de política para que os Portugueses retomem confiança e esperança no futuro" (negrito e sublinhado nossos).
Claro que existem sempre maneiras diferentes de ver as coisas, de interpretar a realidade e de nos posicionarmos diante dos factos que as evidências nos trazem à luz do dia. Seria mais fácil escondermos a cabeça na areia e fazermos de conta de que está tudo bem. Mal vai este país, e de mal a pior, se já não podemos sequer manifestar a nossa opinião e, quando a expressamos, sermos apelidados de "demagogos baratos".
O que esta Carta Aberta representa é um apelo veemente de um conjunto de cidadãos para que o Governo acorde e reveja as suas opções políticas para o país.
Já não é só a insensibilidade social que graça neste Governo que está a destruir o país: é a visão, ou melhor a falta dela, que está a conduzir Portugal para o abismo.
É por isso que todo e qualquer cidadão, independentemente do seu passado ou das suas opções ideológicas, tem não só o direito mas acima de tudo o dever de alertar para o perigo em que nos estão a meter.
E se se continuar a persistir nos erros e a impor aos portugueses sacrifícios a tal ponto insustentáveis que, em vez de resolverem os nossos problemas, os agravem e nos conduzam a uma situação de não retorno, então nessa altura de que valerá exigirmos a demissão do Governo se somos nós próprios que já não existimos enquanto sociedade e como país?
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