sexta-feira, dezembro 07, 2012

A ironia da arrogância

Há cerca de duas semanas atrás, alguns autores deste Blog puderam assistir a um filme deprimente e deplorável sobre aquilo em que se pode transformar uma relação laboral, que se deve basear, como todos sabem (ou deviam saber), no respeito, na confiança, na verdade, na boa-fé e na moralidade.
Pese embora o facto de, pelo lado do trabalhador, estas terem sido as características adoptadas desde o início, o mesmo não foi acatado pela entidade empregadora, que sempre agiu com má-fé, com reserva mental, com cinismo, com hipocrisia e imoralidade e com uma tremenda ironia da arrogância, que tornou a relação laboral num longo calvário de quase cinco meses e num exercício de mentiras e de chantagem psicológica.
O mais absurdo, porém, é termos constatado que esta história - repleta de personagens balofas, sinistras e dúbias -, teve, de uma certa forma, a complacência da Justiça Portuguesa.
É como se a própria Justiça pusesse o seu enorme chapéu protector ao serviço de uma economia clandestina ou subterrânea, de uma casta onde proliferam trocas de favores, interesses difusos e amizades de circunstância.
Sabemos hoje - e essa terá sido a lição mais importante que aprendemos -, que algumas amizades, por mais verdadeiras que possam parecer, não passam de um embuste enganador à espera da primeira oportunidade de traição e vingança.
Há pessoas que assentam as suas ideias mesquinhas muito para lá da noção de uma amizade sã e mutuamente enriquecedora.
Estas personagens são, de qualquer modo, meros arremedos da sofisticaçãoSão como aqueles embrulhos de Natal, todos bonitos por fora, mas por dentro sem qualquer conteúdo digno que valha a pena conhecer.
Este triste filme mostra também à saciedade o quanto ainda temos de aprender em termos de princípios e valores morais.
A falta de ética e a persistente tentativa destas personagens quererem parecer o que não são, reflecte-se no modo abjecto com que encaram a vida profissional e em sociedade.
A sua falta de princípios, de "berço" e de educação são algumas das causas que fazem emergir estas personagens do lodo moral em que estão atoladas. Mas, não são as únicas causas.
Há também uma incapacidade genética ou natural para distinguir entre o bem e o mal. E se perguntadas se juram dizer a verdade, estas personagens não hesitam em mentir descaradamente diante da vetusta autoridade da Justiça podre deste país, pela simples razão de que acreditam cegamente que se disserem mil vezes uma falácia ela se transformará numa verdade absoluta.
É esse o seu reles modus operandi e o seu fraco estilo de vida.
E por acharem que são o centro do universo e que tudo o resto gira à sua volta, sob as suas ordens e comandos, tornam-se ridículas e de fraca índole.
A vaidade nunca foi boa conselheira, nem a arrogância ou a ganância.
Estas personagens são, por isso mesmo, o reverso de uma realidade bem diferente. É como se existisse a boa e a má moeda, ou como se existisse um espelho que reflecte duas realidades totalmente opostas.
Neste caso, compete a cada um de nós escolher o lado no qual se quer posicionar e orientar a sua vida.
É claro que não é indiferente optar por um lado ou por outro, optar entre a defesa de valores ou a recusa deles. A escolha que fazemos será, pois, determinante para caracterizar a nossa personalidade, e dessa escolha sairá a diferença entre pessoas honestas, sinceras e leais e aqueles maltrapilhos quaisquer que gerem a sua vida maliciosa ao sabor das conveniências, deambulando sorrateiramente no soturno mundo do crime do colarinho perfeitamente branco e engomado, onde usam expedientes sem escrúpulos para atingir os seus fins, mas que, em todo o caso, não os deixam de reconduzir à sua mais estéril e vil insignificância.
Estas infelizes criaturas acabam, um dia, por dar-se conta de que afinal estão sozinhas no mundo, acabam por perceber que mesmo aqueles de quem julgavam obediência e reverência são afinal iguais a si e regem-se pela mesma cartilha, a tal ponto que, fartos, lhes dão um chuto no traseiro e as abandonam à sua triste sorte.
No fim de contas, tudo se passará como na história do "Burro": havia um burro que ficava sempre muito feliz quando o seu dono o albardava com elegantes enfeites para ir desfilar na festa da aldeia. Esse dia, era o mais animado para o burro, porque tinha a oportunidade de brilhar como uma estrela. Porém, à medida que a festa se ia aproximando do fim, a tristeza começava a apoderar-se do burro, já que era sinal que tinha de voltar para casa. Acabada a festa, lá iam o burro e o seu dono a pensar no lindo dia que haviam passado juntos. Mas, o momento mais cruel era quando o dono tirava a albarda e os enfeites ao burro. Quando o burro se via ao espelho, descobria que, apesar de durante o dia não o parecer, continuava a ser um grande burro.

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