O jornal “Notícias de Ourém” noticiava na passada semana
(Edição de 6 de Maio), com destaque de primeira página, que o vereador fatimense
e vice-presidente da Câmara Municipal de Ourém, Nazareno do Carmo, “é arguido
em processo que envolve o CDF” (Centro Desportivo de Fátima).
Segundo o jornal, Nazareno do Carmo terá sido constituído arguido
“num processo de recebimento indevido de vantagem, agravado pelo valor”,
estando o mesmo a aguardar “julgamento num processo cujos factos remontam a
2011”.
Na notícia lê-se ainda que Nazareno do Carmo, à época dos
factos vereador e presidente da mesa da Assembleia Geral do CDF, “é acusado de
ter invocado a sua qualidade de autarca e ter remetido uma missiva a diversas
empresas, solicitando a atribuição de um donativo para a associação”, termos em
que o Ministério Público do Departamento de Investigação e Acção Penal
Distrital de Coimbra terá deduzido a acusação, acrescentando que o agora
arguido terá, alegadamente, agido “com o propósito de se servir do cargo que
exercia para obter vantagem patrimonial em favor de uma instituição na qual
tinha interesse” há já vários anos.
A notícia termina dizendo que “no despacho proferido a 9 de
Março de 2016 é dito que Nazareno do Carmo sabia que ao escrever a carta na
qualidade de vereador geraria nos destinatários a convicção de que poderiam ter
tratamento preferencial nas suas relações com a autarquia” oureense. Na carta
dirigida aos empresários, “é-lhes pedido um donativo de 50 mil euros para
patrocínio das camisolas do equipamento dos jogadores da equipa principal do
Centro Desportivo de Fátima”.
Por outro lado, já aqui dei nota do processo em que é arguido o vereador da Coligação PPD/PSD-CDS-PP na Câmara Municipal de Ourém, Luís Albuquerque, o qual terá, alegadamente, praticado dois crimes de corrupção passiva, factos que remontam a 2009, estando em causa neste processo o alegado pedido de dinheiro a dois empresários no valor de 100 mil euros a cada um, tendo como destinatário o Centro Desportivo de Fátima, instituição da qual Luís Albuquerque foi presidente.
Refira-se, a este propósito, que o início do julgamento de
Luís Albuquerque, cuja acusação foi deduzida a 5 de Julho de 2013, já foi (pelo
menos) duas vezes adiado, em Novembro do ano passado e Abril deste ano.
Ora, vem isto a propósito da alegada diferença de citérios
jornalísticos utilizados pelo jornal “Notícias de Ourém” perante notícias que deveriam
merecer o mesmo tratamento por parte do jornal.
Na verdade, se a notícia do vereador Nazareno do Carmo (PS)
mereceu destaque de primeira página, o mesmo não aconteceu com os factos
alegadamente praticados pelo vereador Luís Albuquerque (Coligação
PPD/PSD-CDS-PP), nem ao tempo da dedução da acusação (Julho de 2013), nem sequer
agora em que o início do julgamento foi, no passado dia 19 de Abril, novamente
adiado.
Resta então perguntar: o jornal “Notícias de Ourém” só vê
interesse público na divulgação dos factos alegadamente praticados pelo
vereador do PS? E os factos alegadamente praticados pelo vereador do PPD/PSD-CDS-PP,
estes não têm interesse público? Por que razão o jornal ocultou dos cidadãos
oureenses o processo em que está envolvido Luís Albuquerque? Não será isto uma
espécie de censura? Ou terá isto a ver com política? Estará já o jornal, que é –
recorde-se – Património dos Pobres da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, a
demarcar aquele que será o seu posicionamento político-estratégico nas eleições
autárquicas do próximo ano, à semelhança do que tem sucedido nas últimas
décadas?
Caros concidadãos, a verdade é que à mulher de César não
basta ser séria, tem de parecer séria.
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