Good Morning Madam
O texto que se segue foi publicado na Edição de 11 de Abril de 2014 do Jornal Notícias de Ourém, o qual constitui a sequência de textos que irão sendo ali publicados e aqui transcritos na íntegra.
"Coluna do Meio
Good Morning Madam
Algumas pessoas têm-me
perguntado quando é que eu conheci o Dr. Vítor Frazão, e quais as
circunstâncias em que decorreu esse encontro. Pois bem, a pequenina história que se segue é sobre o dia em que o
conheci pela primeira vez.
Todos
nós temos as nossas lembranças, e esta – bem a propósito –, constitui para mim
uma delas. O curioso, é que julgo que ele não faz a mínima ideia de quando e
como foi esse encontro, que até hoje me marcou, e é por isso que hoje decidi
partilhá-la aqui convosco.
Corria
o ano de 1978 e, nessa altura, para qualquer menino ou menina do concelho de
Ourém, estudar em Fátima, no Colégio de São Miguel, era sinónimo e uma
referência de qualidade – e ainda hoje o é, como todos sabemos. Não tive a
sorte, porém, de o frequentar, mas nem por isso deixei de estudar em boas
escolas e ter professores igualmente dedicados e competentes a ensinar. A
história passou-se, em parte, com o meu irmão, três anos mais velho, e, esse
sim, foi um dos privilegiados de por lá ter passado.
Certo
dia daquele ano, que não sei precisar, dou por mim com toda a família a caminho
de Fátima, num grande reboliço e numa enorme ansiedade, porque era chegado o
dia de matricular o Armando no Colégio.
Já à
entrada, uma das imagens marcantes que retive foi o brilho do chão
impecavelmente lavado, que reflectia tudo quanto ali passasse. Senti o silêncio
do ambiente e a ordem que o envolvia, o que, para um miúdo de apenas sete anos,
me transmitiu uma sensação não só intimidante, mas ao mesmo tempo
reconfortante. Era como se tivéssemos entrado num local de culto e
verdadeiramente enigmático.
Devagar,
para não escorregarmos naquele piso imaculado, dirigimo-nos ao que presumo ter
sido a secretaria, não sem antes um cavalheiro, muito educado, nos ter
gentilmente indicado o caminho.
Depois
de tratarmos de todos os assuntos que ali nos haviam levado, e já à saída, toda
aquela calma do Colégio apenas foi “interrompida” com os passos de uma
professora, que parecia deslizar naquele soalho brilhante e encerado, e que se
dirigia para a sala de aulas onde os alunos já a esperavam. Pela fresta da
porta, retenho na memória aquele momento em que todos os alunos, de forma
coordenada, se levantaram e, num coro impecavelmente sincronizado, exclamaram:
“Good Morning Madam”!
Por
mais que o tempo passe pela minha memória, nunca hei-de esquecer aquele senhor
extremamente simpático e gentil que nos deu as boas-vindas, nem aquela
professora de inglês que parecia deslizar naquele soalho brilhante e encerado...
Nota de Rodapé: este
texto é dedicado, em geral, a todos os estimados leitores, e, em especial, ao
Dr. Vítor Frazão. Uma dedicatória especial é também dirigida à Ana Oliveira, à
Carolina Reis, à Cátia Silva, ao Hugo Major, à Pauline Ferreira, ao Pedro
Capitão, ao Pedro Manso, ao Renato Lopes e à Tânia Lourenço, todos eles colegas
na Formação Pedagógica Inicial de Formadores promovida pela Nersant, e que se
encontra neste momento a decorrer em Fátima (Grupo de Março/Abril 2014), e
ainda à estimada formadora, Paula Marina. A todos eles um bem-haja por serem
quem são, e por tornarem esta formação ainda mais agradável e produtiva. E a
ti, Pedro Capitão, o impulsionador desta ideia, aqui fica o meu sincero
agradecimento".
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