sexta-feira, agosto 09, 2013

A letargia dos partidos







Tal como o próprio nome indica, o MOVE é um movimento vivo e veio para ficar. Aqueles que pensam que o Movimento Ourém Vivo e Empreendedor se vai dissolver num ápice podem começar a desenganar-se, porque o MOVE não é um epifenómeno nem uma realidade efémera. E, ao lado dos partidos, vai apresentar-se ao eleitorado para ser julgado nos ciclos eleitorais vindouros.

Se os partidos acham que este movimento da cidadania não quer reclamar o espaço do espectro político que por direito lhe pertence, também continuam profundamente enganados. É precisamente este o “húmus” que, nesta altura da minha vida, me fez participar activamente na vida e na gestão da coisa pública. É que existem momentos na nossa vida em que percebemos facilmente que é chegada a altura de intervir. Ora, pois bem, é este o momento.

Outro dos enganos (ou erro, diria eu) dos partidos é partirem do pressuposto de que o MOVE é, como disse acima, um epifenómeno, ou seja, um movimento sem programa eleitoral, desorganizado, com meia dúzia de gatos pingados, os quais, porque “sacudidos” dos partidos, procuram obter protagonismo, agora sob a capa da “independência”.
Só assim se explica que em recentes entrevistas os líderes dos dois principais adversários do MOVE (mas onde se deve sempre incluir a CDU) terem simplesmente ignorado este movimento, não sei se por falta de tacto político, ou se por medo.

Com efeito, na edição de 12 de Julho do Jornal “Notícias de Fátima”, página 4, pode ler-se: “Nós estamos a fazer o nosso trabalho de uma forma séria e honesta, afirmou [Luís Albuquerque] e pediu à candidatura adversária para parar de fazer insinuações de mau gosto e deixar de se fazer de vítima”.

Noutra parte, na edição do mesmo dia do Jornal “Notícias de Ourém”, página 5, pode ler-se: “No seu discurso de vinte minutos, o actual presidente de Câmara considerou que esta é uma eleição atípica, porque o PS concorre contra uma coligação, do PSD/CDS. Aquela coligação que contra nós concorre deixou um endividamento de 55 milhões”.

Peço desculpa, mas há aqui qualquer coisa que não bate certo. Ou anda tudo doido ou então o mundo virou-se de pernas ao ar. Então e o MOVE? E a CDU?

Desculpem lá, mas essa indiferença e esse snobismo não são dignos da verdadeira, da refinada classe política, e é precisamente para contrariar este estado letárgico dos partidos que surge agora o MOVE, como fonte inspiradora e como alternativa credível. O que não me parece é que vá daí algum mal ao mundo o facto de um grupo de cidadãos se ter juntado para participar num projecto político alternativo de cidadania, pela primeira vez em Ourém.

Tal como os partidos, também os movimentos têm as portas abertas a qualquer cidadão que queira defender o bem público. Felizmente, os partidos políticos não têm a exclusividade de se poderem constituir para trabalhar em benefício do bem comum, pois os movimentos de cidadãos, por exemplo, também podem exercer esse papel. E até com a vantagem de não estarem sujeitos a uma disciplina e a uma hierarquia rígidas, que obriga as pessoas a moldarem-se aos partidos, quando o que se esperaria é que fossem os partidos a moldarem-se às pessoas.

Sendo os partidos uma espécie de laboratórios por excelência de um certo “carreirismo político” (e sei bem do que falo, pois conheço tantos exemplos), onde o que conta é a “dinâmica do percurso” e não as capacidades intelectuais, humanas e profissionais das pessoas, já dou de barato a irrelevância do contributo que estes “aparelhismos” têm vindo e continuarão a dar à sociedade. A menos que se preveja a prazo uma mudança radical de paradigma, o que me parece manifestamente inverosímil.

Pois bem, resta-nos uma alternativa: qualquer que seja a denominação ou a sigla, a verdade é que começa a registar-se uma grande adesão das pessoas a novas formas de organização política, a novas estruturas de organização, de que os movimentos independentes e da cidadania são apenas uma das suas expressões.

De toda esta letargia e indiferença posso concluir, portanto, que o que assiste aos partidos não é falta de tacto político (embora também não se possa excluir de todo esta carência), mas é antes o medo de estarem já a sentir o tapete a fugir-lhes dos pés.

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