sexta-feira, março 15, 2013

Diz que disse o queixoso

Há já algum tempo um queixoso muito próximo do presidente da Câmara Municipal de Ourém - quem sabe se até da mesma família - dizia que, nos primeiros tempos do seu mandato, Paulo Fonseca havia visto o seu ordenado penhorado por causa de alguns negócios que correram menos bem quando ainda era um simples cidadão oureense e um mediano homem de negócios. É, por isso, que notícias destas não trazem nada de novo a uma história que, essa sim, tem algo mais para contar.
Continuava o dito queixoso a desdenhar, não se sabe se em Paulo Fonseca enquanto presidente ou como simples cidadão comum, para dizer, num tom inquestionavelmente ressabiado, que, para além da penhora do ordenado, havia também a confusão armada na secretaria da Câmara, para arranjar à pressa um NIB alternativo para o presidente poder receber o vencimento por inteiro. Após escassos meses de regabofe, parece que a coisa lá voltou à normalidade e a entrar nos eixos.


Acrescentava o queixoso, inclusivamente, que existe uma "malta estranha da zona da Freixianda", um tanto ou quanto sinistra e duvidosa, que mantém uma proximidade muito estreita com o poder local, ao ponto de ter carta branca para utilizar as zonas reservadas no parque de estacionamento subterrâneo junto ao edifício dos Paços do Concelho, para utilizar directamente o elevador privativo para aceder ao piso superior sem ter que passar pela identificação da portaria, e também para passear livremente nos corredores dos gabinetes da presidência e da vereação.
O queixoso assegurava ainda que a pressão desta "malta" sobre o presidente é enorme, que há até alturas em que este fica manietado nas suas funções e na sua autoridade, como foi o caso do pedido que ele (o queixoso) fez à Câmara, há uns tempos atrás, para que esta reduzisse o valor da licença de uma obra que tinha em construção, com a contrapartida de criar postos de trabalho, mas cuja decisão da Câmara, na pessoa da vereadora Lucília Vieira, foi uma recusa agressiva e liminar, apesar de, alegadamente, haver a possibilidade de as Câmaras Municipais poderem reduzir o valor de uma licença, com base no compromisso do requerente vir a criar postos de trabalho.
O que mais espantou e chocou o queixoso, foi o facto de o presidente o ter informado que não seria ele a analisar pessoalmente o pedido de redução da licença, mas que iria constituir uma comissão ad hoc, cuja coordenação ficaria a cargo da vereadora com o pelouro correspondente.
E se ficou espantado com a decisão fria da vereadora Lucília Vieira em recusar-lhe o pedido na cara, mais espantado e furioso ficou com a inércia do presidente em contrariar esta decisão. 
Segundo parece, o edil preferiu encomendar o serviço à sua vereadora, lavou as mãos como Pilatos e ainda assistiu de camarote à bucólica cena em que a sua serviçal diz ao (requerente) queixoso, sem modéstias e secamente, qualquer coisa deste género: "não podemos reduzir o valor das licenças, a Câmara precisa de dinheiro"! É como se a senhora acabasse por dizer: "Toma lá, ó queixoso, guarda e embrulha. Quem te manda ser guloso quando as vacas estão tão magras?".
Para compor o ramalhete e fechar o livro das queixas, era tempo de o queixoso fazer valer a ideia de que tanta trapalhada na Câmara só pode ter mesmo como "chapéu protector" e como cúmplices os "senhores do avental"!
E logo estes, sempre tão finamente letrados, tão influentes e cheios de rituais... "Qualquer dia, ainda vai tudo preso...".
queixoso, sabia, porém, perfeitamente do que falava. As suas palavras, entoadas num rosário ritmicamente encadeado e lúcido, eram bem reveladoras disso. 
Ora, diz que disse o queixoso que: "aqui jaz a podridão e o abismo".

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